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CNI: por falta de conhecimento, Brasil perde recursos de fundos climáticos

Entidade lança guia para ajudar as indústrias a atrair recursos para a economia de baixo carbono. Investimentos já somam meio trilhão de dólares no mundo

Cálculos da CNI apontam que a biotecnologia industrial poderá agregar ao PIB brasileiro 53 bilhões de dólares (Martin Ruegner/Getty Images)

Cálculos da CNI apontam que a biotecnologia industrial poderá agregar ao PIB brasileiro 53 bilhões de dólares (Martin Ruegner/Getty Images)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 19 de novembro de 2020 às 13h39.

Última atualização em 19 de novembro de 2020 às 14h28.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI), lança nesta quinta-feira, 19, dois guias para ajudar as empresas a acessar crédito de fundos climáticos. Segundo a entidade, principal representante da indústria nacional, o volume de investimentos para projetos de redução das emissões de carbono já alcança meio trilhão de dólares no mundo. “Apesar de ser uma grande oportunidade para o Brasil, ainda há desconhecimento sobre esses fundos”, afirma Davi Bomtempo, gerente-executivo de sustentabilidade da CNI. 

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Os guias apresentam um passo a passo de como captar esses recursos, que podem ser usados para projetos de baixo carbono, como energias renováveis, ou para o desenvolvimento de planos de adaptação aos impactos das mudanças climáticas. “O atendimento aos critérios socioambientais, que varia de fundo para fundo de investimento, pode oferecer recursos a taxas de juro diferenciadas”, diz Bomtempo. 

Uma pesquisa feita pela entidade mostra que apenas 12% das indústrias que fazem parte da Rede Clima da CNI, portanto, estão atentas à agenda climática, informaram ter buscado crédito internacional voltado para o combate às mudanças climáticas. Para a CNI, o potencial brasileiro em arrecadar recursos para projetos climáticos é subaproveitado. “Com informação e bons projetos, podemos ter participação mais relevante nessas linhas de crédito”, diz Bomtempo.

A Ásia vem sendo o principal destino desses recursos, com 38% do total, de acordo com levantamento feito pela Climate Policy Initiative, ONG ambiental global. A América Latina e Caribe receberam apenas 4,5% dos investimentos. 

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O futuro da indústria está na bioeconomia 

Além dos projetos de baixo carbono, a CNI também aposta fortemente na bioeconomia para revitalizar a indústria nacional. Cálculos da confederação apontam que, somente a biotecnologia industrial, poderá agregar ao PIB brasileiro 53 bilhões de dólares, o equivalente a 284 bilhões de reais no câmbio atual. Por concentrar 20% da biodiversidade do planeta, o Brasil sai em vantagem nesse mercado, que já movimenta mais de 2 trilhões de euros na Europa, diz a entidade. 

Para aproveitar essa vantagem natural, será preciso inserir a bioeconomia como estratégia de crescimento do país. “Precisamos aproveitar esse momento para construir as bases para avançar, já que o Brasil é um dos países com maior potencial nessa agenda”, afirma Robson Braga de Andrade, presidente da CNI. Segundo a CNI, diversos setores podem se beneficiar da bioeconomia, como os de medicamentos, biocombustíveis, cosméticos, tecidos, fibras de vidro e celulose. 

Um outro estudo, conduzido pelo World Resources Institute (WRI), entidade conservacionista americana, mostra que as oportunidades para o Brasil na bioeconomia e na economia de baixo carbono são ainda maiores do que o estimado pela CNI. As possibilidades de ganhos são expressivas: um acréscimo de 15% no PIB, na próxima década, o que significa um ganho extra de 2,8 trilhões de reais e um aumento líquido superior a 2 milhões de empregos na economia. Com suas dificuldades históricas, o país tem uma chance única de dar um salto de desenvolvimento caso priorize os setores e as tecnologias de baixo carbono. 

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