ESG

Clube de automóveis de Paris, de 126 anos, ainda barra mulheres

Embora longe de ser o único clube exclusivamente masculino do mundo, o L’Auto está entre os poucos criados em torno de uma indústria cujos escalões superiores são cada vez menos exclusivos dos homens

Carros estacionados em frente ao L’Auto de Paris: Nenhuma mulher pode entrar no clube fundado há 126 anos (Bloomberg/Bloomberg)

Carros estacionados em frente ao L’Auto de Paris: Nenhuma mulher pode entrar no clube fundado há 126 anos (Bloomberg/Bloomberg)

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Bloomberg

Publicado em 19 de dezembro de 2021 às 15h34.

Última atualização em 23 de dezembro de 2021 às 15h43.

Louis Desanges, presidente do Automobile Club de France, fundado há 126 anos, se deparou com uma situação difícil em 2019.

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Carlos Ghosn havia renunciado ao cargo de diretor-presidente da Renault após sua prisão em Tóquio e, no fim daquele ano, a montadora nomeou Clotilde Delbos como CEO interina. O clube de Desanges tradicionalmente concede títulos honorários aos líderes das maiores montadoras da França, mas, naquela ocasião, não foi possível: o L’Auto, como o clube é conhecido, não aceita sócias mulheres.

“Poderíamos ter dado a ela um cartão garantindo os mesmos direitos da esposa de um membro”, disse Desanges em entrevista. “Mesmo isso teria sido a primeira vez.” Felizmente, para ele e sua instituição, a mais antiga do tipo no mundo, o reinado de Delbos durou pouco: a executiva foi substituída pelo italiano Luca de Meo, que será sócio.

Embora longe de ser o único clube exclusivamente masculino do mundo, o L’Auto está entre os poucos criados em torno de uma indústria cujos escalões superiores são cada vez menos exclusivos dos homens. Delbos - que não quis comentar - é vice-CEO da Renault; na rival Stellantis, as mulheres comandam as marcas Peugeot, DS e Chrysler, bem como a cadeia de suprimentos e operações de compartilhamento de carros. A fabricante de pneus Michelin tem quatro mulheres no comitê executivo de 11 membros. Nos EUA, Mary Barra está à frente da General Motors.

“Ter um clube como este, parado no século 19 e fechado para mulheres, prejudica todos os esforços da indústria para se abrir para elas”, disse Elisabeth Young, que trabalha no setor há três décadas e é cofundadora e presidente da Women and Vehicles in Europe, ou Wave, uma associação criada em 2008 para atrair mais mulheres para o setor. “É um símbolo muito prejudicial que projeta a imagem de uma indústria automobilística reservada aos homens.”

Isso não abala nenhum um pouco a decisão de Desanges de manter mulheres fora da lista de sócios de seu clube. Nenhuma mulher pode entrar porque o processo precisa do apoio de dois membros existentes, e isso não acontecerá, disse.

“Isso não mudará enquanto eu for presidente”, disse Desanges, de 74 anos. “Sinto que três quartos dos nossos cerca de 2 mil membros não querem que isso mude, e sou muito democrático para impor algo que eles não querem. Temos outras oportunidades de conhecer mulheres em Paris.”

Alguns membros da indústria consideram o L’Auto irrelevante, um clube antiquado para veteranos de outra era que está fora de sintonia com a realidade. Desanges rejeita essa caracterização, apontando que a idade média dos sócios está pouco abaixo de 55 anos. Nos últimos anos, o clube também começou a dar prêmios anuais a startups de tecnologia automobilística promissoras.

O L’Auto é “um lugar tradicional, e não um lugar para idosos”, disse Desanges. “É mais moderno do que parece.”

Algumas mulheres discordariam.

Paris’s 126-Year-Old Auto Club Still Says ‘Non’ to Women Members

Louis Desanges, presidente do Automobile Club de France: “Sinto que três quartos dos nossos cerca de 2 mil membros não querem que isso mude, e sou muito democrático para impor algo que eles não querem. Temos outras oportunidades de conhecer mulheres em Paris.” (Bloomberg)

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