CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável) lançará, em 15 de dezembro, a Plataforma de Ação pela Natureza (Luis Alvarez/Getty Images)
Marina Filippe
Publicado em 9 de dezembro de 2022 às 09h01.
Com o objetivo de auxiliar as empresas na proteção e gestão de ecossistemas, o CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável) lançará, em 15 de dezembro, a Plataforma de Ação pela Natureza, que terá dois eixos de atuação, cada qual com um projeto piloto: Impacto Positivo e Soluções Climáticas Naturais. A apresentação do programa acontecerá durante a COP15, a Conferência da ONU sobre Biodiversidade, que ocorre no Canadá.
Com o lançamento, o Conselho busca dar força a um movimento do setor privado para entender, proteger e gerir as dependências e impactos na biodiversidade por meio da implementação coletiva das novas estruturas, metas e legislações internacionais. A plataforma será lançada em parceria com o WBCSD (World Business Council for Sustainable Development), a TNFD (Taskforce on Nature-related Financial Disclosure) e a Nature Climate Alliance. Os pilotos terão a curadoria técnica de parceiros nacionais e internacionais, que apoiarão as empresas em suas jornadas individuais e comuns.
“O objetivo da plataforma é impulsionar a responsabilização e a mudança real na percepção e forma de gestão dos recursos naturais nos territórios dos quais as empresas dependem e impactam, através do desenvolvimento de metas baseadas na ciência e a orientação para ações individuais e coletivas positivas, consistentes e credíveis em relação à natureza”, afirma Henrique Luz, gerente técnico do CEBDS.
O primeiro eixo, de Impacto Positivo, contará com um grupo formado por empresas que implementarão coletivamente a força-tarefa para divulgação financeira relacionada à natureza (TNFD), compartilhando insights, alinhando métricas, mapeando riscos e oportunidades com relação a suas atividades.
O grupo desenvolverá um mapa de sobreposição geográfica de suas dependências e impactos, priorizando os territórios mais vulneráveis em termos de perda de biodiversidade, para coletivamente definir estratégias e territórios comuns para ações compartilhadas de mitigação.
O CEBDS irá mobilizar e coordenar junto a parceiros técnicos da TNFD este grupo, que será subdividido por setores, para definir diretrizes comuns e parâmetros para mapeamento de processos, atividades, dependências e impactos. O piloto abrangerá três setores: energia, uso da terra (incluindo alimentos, agricultura e silvicultura) e infraestrutura, cujas cadeias de valor representam cerca de 90% da pressão sobre a biodiversidade.
“Com as mudanças climáticas, dados alarmantes como 70% do ecossistema terrestre e 66% do marinho significativamente alterados, as empresas precisam entender como mitigar e adaptar os seus processos de forma transparente, coletiva e colaborativa”, diz Luz.
Já o segundo eixo, Soluções Climáticas Naturais, que será desenvolvido em parceria com o WBCSD, terá como foco a Amazônia, visando a geração de créditos de carbono através de Soluções Baseadas na Natureza (SbN), que podem fornecer 37% das reduções de emissões necessárias para limitar o aquecimento global a 2°C.
O piloto pretende mobilizar um grupo de empresas com atividades comerciais diretamente relacionadas à silvicultura, agricultura ou outro uso da terra para definir territórios prioritários no bioma amazônico. A partir disso, o grupo irá mapear as Soluções Climáticas Naturais de alta qualidade e integridade para avaliar o potencial de investimento e ação conjunta.
Este grupo contará com o apoio técnico de parceiros nacionais e internacionais tanto para o mapeamento da qualidade e integridade das soluções baseadas na natureza existentes, quanto o seu potencial de emissão de créditos de carbono. O grupo de empresas deverá priorizar o apoio para escalar soluções que tragam ganhos para a biodiversidade e integridade do ecossistema, impacto social substantivo e benefícios econômicos para comunidades e povos indígenas e proteção contra riscos climáticos através da melhora da resiliência e adaptabilidade das paisagens.
“Existe uma necessidade urgente, financeira e regulatória de que as empresas estabeleçam metas de carbono zero ou neutralidade de carbono. Esta jornada começa por entender e descarbonizar as emissões de suas operações. Entretanto, em muitos casos, seja pela natureza de suas operações ou pelo estágio de desenvolvimento tecnológico, ‘zerar’ emissões não é possível, assim a demanda por créditos de carbono voluntários cresce exponencialmente. A regulamentação do mercado caminha a passos largos, mas a oferta é limitada”, afirma Luz.