ESG

Apoio:

Logo TIM__313x500
logo_unipar_500x313
logo_espro_500x313
ONU_500X313 CBA
ONU_500X313 Afya
ONU_500X313 Pepsico
Logo Lwart

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Brasil terá 30% de frota verde com elétricos e híbridos a etanol, projeta CEO da BYD

Stella Li, responsável pelas operações da gigante chinesa para as Américas, concedeu entrevista à EXAME na sede da companhia, em Shenzhen

Stella Li: executiva está há 28 anos na gigante chinesa (BYD/Divulgação)

Stella Li: executiva está há 28 anos na gigante chinesa (BYD/Divulgação)

Lucas Amorim
Lucas Amorim

Diretor de redação da Exame

Publicado em 23 de agosto de 2023 às 20h39.

Última atualização em 23 de agosto de 2023 às 22h12.

Há 28 anos na gigante chinesa BYD, Stella Li se converteu numa das mais poderosas e conhecidas executivas do mercado mundial de tecnologia. À frente das operações da BYD para as Américas, é ela a responsável pelos investimentos da companhia no Brasil, terceiro país depois de China e Tailândia a receber uma fábrica de automóveis híbridos e elétricos da companhia.

Em outubro a companhia lançará oficialmente seu projeto de construir três plantas na Bahia, onde antes ficava o complexo da montadora americana Ford. O investimento total chegará a R$ 3 bilhões, o que inclui uma montadora com capacidade para produzir 150 mil carros híbridos e elétricos por ano. Outras duas unidades devem produzir caminhões elétricos e chassis para ônibus, além de processar células de lítio e ferro fosfato, matérias-primas para as baterias.

A reportagem da EXAME encontrou Stella Li num evento na sede da companhia, em Shenzhen, no sul da China, onde a frota de carros, elétricos, com placas verdes, é tão presente quanto a de automóveis a gasolina, com a placa azul. A cidade que há 40 anos virou o símbolo do renascimento econômico chinês, hoje é o maior símbolo do potencial da indústria de carros elétricos.

Líder no mercado chinês, a BYD faturou 61,7 bilhões de dólares em 2022, quase o dobro da receita de 33 bilhões de dólares de 2020. Emprega mais de 600 mil pessoas, que produzem carros, trens, caminhões, baterias, chips -- e até material de saúde. Para se movimentar entre os prédios de sua sede, os visitantes e funcionários utilizam trens aéreos (skyrail) que param em 11 estações e servem também de exibição do potencial da companhia.

Stella Li conversou com a EXAME sobre a estratégia da BYD, uma empresa que fabrica componentes para seus principais concorrentes. Falou também do potencial do mercado brasileiro e da importância de incentivos públicos para a ampliação da frota verde. Quando esteve no Brasil, para tratar do projeto na Bahia, ela esteve com Lula e ouviu do presidente brasileiro seu compromisso em eletrificar a frota nacional. Em Shenzhen, afirmou que pretende transformar Salvador no Vale do Silício do Brasil, fomentando a instalação de novas empresas de tecnologia e de energia verde.

A seguir, os principais trechos da entrevista.

A senhora diz que ouviu do presidente Lula que a preocupação com as mudanças climáticas é sua prioridade número 1. A BYD espera alcançar no Brasil o mesmo sucesso da China e da Tailândia, onde é líder?

Sim, queremos repetir a mesma história na Tailândia, na China e no Brasil.

Como a senhora vê o potencial da eletrificação no Brasil em três anos? O país terá números semelhantes aos da China, onde os veículos híbridos e elétricos já são 30% da frota?

Essa é nossa expectativa. Queremos trabalhar duro para lançar carros mais atrativos no Brasil. Ao mesmo tempo, precisamos que o governo dedique atenção e dê mais incentivos para a infraestrutura de carregamento.

No curto prazo, quantas pessoas vão trabalhar direta e indiretamente para a BYD no Brasil?

Apenas na manufatura, quando começarmos a fase 1, vamos criar 5 mil empregos nos próximos dois ou três anos no projeto na Bahia.

O etanol é muito relevante no mercado brasileiro de automóveis. Como se encaixará na estratégia de eletrificação da frota da BYD?

Na China, 50% da frota verde é de veículos puramente elétricos, e 50% é de veículos híbridos. Acredito que no Brasil haverá uma penetração similar, com a única diferença de que esses 50% de híbridos usarão etanol, com tecnologia flex. A BYD está desenvolvendo toda a tecnologia relacionada para permitir que nossos veículos elétricos sejam flex fuel, podendo usar etanol.

Vocês já estão investindo nesse desenvolvimento?

Sim, estamos. Todo o nosso departamento de pesquisa e desenvolvimento está focado nesta tecnologia no Brasil.

Sobre competição. A BYD é concorrente e fornecedora de outras montadoras, na China e no mundo. Qual é, afinal, a estratégia da BYD?

A BYD é a única companhia do mundo que faz baterias, chips e toda a tecnologia internamente [segundo a EXAME apurou, a companhia fornece para empresas como Tesla e Apple]. Somos uma empresa única, e estamos abertos a fornecer para nossos concorrentes. Não os vemos como concorrentes, mas como parceiros. Juntos, vamos educar e transformar o mercado para adotar carros verdes. Essa é nossa missão.

Qual a chave de sucesso da BYD e da liderança da empresa?

Estou aqui há 28 anos, e a maior diferença é que somos muito focados. Se decidimos fazer algo, colocamos todo o foco e trabalhamos realmente duro. Somos persistentes por nossos sonhos. Chegamos ao lançamento de 5 milhões de carros. Ao longo de 30 anos sempre acreditamos na eletrificação, apesar de todos os desafios no caminho. Em alguns momentos, quase quebramos, mas ainda assim ampliamos os investimentos, apesar da pressão de investidores, do mercado, de funcionários. Nunca desistimos. Agora o sucesso vem naturalmente.

*O jornalista viajou a convite da BYD

Acompanhe tudo sobre:ChinaGoverno LulaCarros elétricos

Mais de ESG

No meio do caminho tinha uma mulher... e que bom!

Ambev irá investir R$ 40 milhões em projetos de valorização da cultura brasileira

Queimadas no Brasil: entenda o ciclo vicioso que alimenta o aquecimento global

Em 2024, há 12 milhões de crianças e adolescentes sem acesso adequado a esgoto e 2,1 milhões a água