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Petroleiras e baixo carbono: Exxon é considerada uma retardatária em energias limpas, segundo a Bloomberg (Luke Sharrett/Bloomberg)
A indústria do petróleo não tem gastado o suficiente para um futuro de baixo carbono, embora muitas empresas tenham colocado a descarbonização no centro de suas estratégias de longo prazo.
O setor cortou investimentos para 11,3 bilhões de dólares - o equivalente a 4,3% de seus orçamentos totais - em ativos e tecnologias de baixo carbono no ano passado, disse a BloombergNEF em relatório na terça-feira. O estudo destaca o enorme trabalho pela frente do setor, que está cada vez mais na mira de investidores e da sociedade para desempenhar um papel maior no combate às mudanças climáticas.
Grandes empresas europeias, como Royal Dutch Shell, BP e Total - muitas das quais se comprometeram a eliminar as emissões de suas operações até a metade do século -, são os maiores investidores em energia limpa desde 2015, respondendo por mais de 70% do total global. Saudi Aramco, Sinopec, PetroChina, Exxon Mobil e Chevron são “notáveis retardatárias”, com uma fatia de apenas 2,1%, de acordo com o relatório.
Há grande diferença na abordagem das gigantes da energia ao redor do globo. Empresas europeias passaram grande parte do ano passado superando umas às outras, anunciando objetivos cada vez mais ambiciosos para reduzir gases de efeito estufa e transição para energias limpas. Em outros países, como nos Estados Unidos, petroleiras hesitam em desviar mais fundos para energias renováveis, dizendo que isso está fora de sua área de especialização.
A pandemia, que encolheu a demanda por petróleo no ano passado e esmagou as finanças das empresas, também pode ter contribuído para reduzir os gastos do setor com energia limpa em 17% em relação aos níveis de 2019. Entre as 34 empresas acompanhadas no relatório, os investimentos totais caíram 20% em 2020.
Nos seis anos até 2020, as empresas gastaram um total de 52,6 bilhões de dólares em projetos de energia limpa. Mas apenas sete destinam mais de 5% de seus orçamentos para o baixo carbono. Empresas menores como a portuguesa Galp Energia ou a refinaria dos EUA Valero Energy gastaram mais do que empresas como PetroChina e Exxon, de acordo com o relatório.
As empresas direcionaram capital principalmente para projetos solares e eólicos, mas investimentos em armazenamento de energia, biocombustíveis e captura de carbono e tecnologia de armazenamento começaram a aumentar nos últimos três anos. Embora muitas empresas e governos tenham promovido o lugar do hidrogênio na matriz energética mundial, ainda é uma área pequena: os investimentos equivalem a apenas 0,5% dos fundos direcionados à energia eólica.