Bancos nas favelas: Nubank lidera, seguido por Caixa e PicPay
61% dos moradores de favelas e bairros periféricos têm conta digital. Receber salário é o principal uso, mas guardar dinheiro já é uma realidade. Divulgação da NÓS - Pesquisas mostra ainda tendências de consumo, papel dos influenciadores e empreendedorismo
Repórter de ESG
Publicado em 23 de janeiro de 2024 às 06h20.
Os bancos digitais e aplicativos de bancos tradicionais estão amplamente em uso nas favelas, é o que aponta o relatório de Tendências Publicitárias para 2024, com foco nas periferias brasileiras, promovido pela NÓS - Pesquisas, um dos braços de atuação do NÓS – Inteligência e Inovação Social. De acordo com a publicação, 61% dos moradores de favelas têm conta digital e 59% têm conta corrente. Sendo que 61% usam o Nubank, 44% a Caixa e 39% o PicPay.
O uso do aplicativo bancário é recorrente, e 77% abrem o app todos os dias. Além disto, 89% preferem acessar o banco online e 43% consideram a facilidade de uso como fator de escolha do banco. O pix é o meio de pagamento mais utilizado (77%), seguido de cartão de débito (55%), cartão de crédito (42%), dinheiro em espécie (17%), boleto bancário (9%) e transferência/doc (5%).
A pesquisa revela ainda os motivos que fazem as pessoas escolherem os aplicativos dos bancos. Neste caso, era possível escolher até três opções.
Abrir uma conta para receber salário e/ou benefícios é motivação para metade dos moradores da favela. A outra metade afirma que a prioridade na abertura da conta é a segurança para guardar o dinheiro.
Outro dado que chama atenção é o uso do pix todos os dias, segundo 60% dos respondentes. Isto faz também com que 61% conheçam a carteira digital, mas apenas 22% usem.
Empreendedorismo
Quando o assunto é empreendedorismo as mulheres se destacam e são 61% do total das pessoas que empreendem. Sendo 43% no comércio, 38% em serviços e 36% com CNPJ, mas sem detalhamento da atividade. Os empreendimentos são para 32% por conta da realização de um sonho; para 34% pelo desejo de ser o próprio chefe e 41% por necessidade de renda.
Entre elas, apenas 27% afirmam não divulgar os produtos que vendem. Já a maior parte das divulgações (51%) é por redes sociais e 43% por WhatsApp.
Tendências de consumo
De acordo com as informações levantadas, em 2023, 59% das comunidades fazem pesquisas de produtos e compras pela internet, sendo as mulheres as maiores consumidoras (62%). As compras online são para roupas e acessórios (59%), calçados (43%), beleza e higiene (39%), eletrônicos (33%) e comida pronta (31%). A frequência de compra de 33% dos entrevistados já é mensal, seguida de dois em dois meses para 18% ( veja figura ).
“No período foi possível observar a construção de um mercado que buscou reafirmar o comprometimento com iniciativas que trazem a diversidade e inclusão para o centro de suas ações, afinal, o e-commerce é o topo de um funil de representatividade visto nas redes sociais e nos desenvolvimento de produtos específicos para diversos corpos, cabelos e estilos de vida”, afirma Emília Rabello, CEO do NÓS.
Em termos de inclusão, um fator que deve ser observado pelas marcas é a necessidade do consumidor instalar e desinstalar os aplicativos por conta da baixa capacidade de armazenamento do smartphone. Assim, apesar de 50% preferir comprar pelo app, é preciso gerar interesse ou fidelização no download.
Influenciadores
Nano e micro influenciadores são fundamentais para que as marcas possam entrar nas favelas. O levantamento do NÓS mostrou que 34% dos participantes seguem os perfis de celebridades e influenciadores nas redes sociais para acompanhar as fashion trends.
Entre o público feminino, 35% também são fãs das blogueiras e influencers para acompanhar as últimas tendências e, possivelmente, realizar uma compra. O Instagram é a plataforma mais acessada para saber o que está na última moda na temporada, isso acontece entre 9 a cada 10 dos entrevistados. Seguido do Facebook (51%) e do TikTok (35%).
“É uma oportunidade das megalojas transformarem empreendedores das comunidades em seus próprios distribuidores. Bem como, uma concorrente asiática, que já faz esse movimento e, inclusive, apoia a sua comunicação através de micro e nano creators locais”, pontua Emília.