ESG

Azul: meta ambiciosa de net zero e como chegar lá, por Renata Faber

Como líder em seu ramo no Brasil, a Azul coloca meta ambiciosa de net zero em 2045, e espera abrir o caminho para a sustentabilidade ambiental do setor

A Azul mantém a frota mais jovem do Brasil, com idade média de 6,6 anos, pois aeronaves mais novas consomem menos combustível (Azul/Divulgação)

A Azul mantém a frota mais jovem do Brasil, com idade média de 6,6 anos, pois aeronaves mais novas consomem menos combustível (Azul/Divulgação)

Junto com a divulgação de seu último relatório de sustentabilidade, a Azul se comprometeu a ser net zero em carbono em 2045. Para atingir a neutralidade em carbono, a empresa está estudando meios de reduzir e compensar suas emissões de gases causadores de efeito estufa.

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O primeiro passo do processo net zero é medir as emissões de gases de efeito estufa, que são divididas em escopo 1, 2 e 3. No caso da Azul, o escopo 1 é o mais relevante (representando 99,7% do total de emissões da empresa), já que esse escopo considera o combustível utilizado pelas aeronaves.

Sendo assim, o principal desafio da empresa é substituir o querosene de aviação, que é um combustível fóssil, pelo biocombustível (SAF, sustainable aviation fuel, em inglês).

Esse é um processo complexo, pois a empresa depende não apenas da disponibilidade do biocombustível, mas também da infraestrutura para que esse produto chegue a todos os aeroportos do Brasil.

Para isso, a companhia está conversando com os governos (federal e estaduais), com a Anac e a Iata, para fomentar o mercado de biocombustível no Brasil.

A Azul também está desenvolvendo um projeto com a Universidade Federal de São João del Rei, em Minas Gerais, para entender qual o SAF mais eficiente no Brasil – considerando emissões e performance.

Além de investir no SAF, a Azul mantém a frota mais jovem do Brasil, com idade média de 6,6 anos, pois aeronaves mais novas consomem menos combustível por ASK (medida do setor que representa quantidade de assentos ofertados por quilômetros voados).

Além do efeito ambiental, qual é o impacto financeiro da atual emissão de carbono da empresa? O Brasil ainda não tem regulação que obrigue as empresas a compensar suas emissões de carbono.

No entanto, o Brasil é signatário do Corsia (The Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation), que obriga as empresas aéreas brasileiras a compensar sua emissão de carbono em voos internacionais a partir de 2027 – para alguns países e regiões, a obrigação acontece, setorialmente, a partir de 2022.

No ano passado, a emissão da Azul no escopo 1 totalizou 1,6 milhão de toneladas de CO2 equivalente. Se levarmos em conta um preço de 6 dólares por tonelada, o valor da compensação da Azul no ano passado seria de 48 milhões de reais.

No entanto, 2020 foi um ano atípico, pois, em razão da pandemia, a oferta de voos foi restringida. Considerando a emissão da Azul em 2019, o custo da compensação (considerando 6 dólares por tonelada de CO2) representaria 4,4% do EBIT (lucro antes de imposto de renda e despesas financeiras) naquele ano.

Esse número reforça que, mais do que a compensação, a redução das emissões é necessária e será a nova tendência do setor. E isso passa não apenas pelo SAF e por aeronaves mais eficientes, mas também pelo desenvolvimento de novas tecnologias – como o avião a hidrogênio e o avião elétrico.

O caminho ainda é incerto, mas, considerando a mobilização de todos os players (companhias aéreas e fabricantes de aeronaves), o destino net zero é uma realidade. E a Azul quer liderar esse movimento na América Latina.

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