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As girafas estão em extinção. E a proteção a elas pode chegar tarde demais

Há 68.000 adultos na natureza, 25% da população dos elefantes na África. Inclusão em lista de animais em perigo no "Ibama" dos EUA vai demorar

Desde meados da década de 1980, a população desses grandes mamíferos caiu mais de 40% no mundo (Clémence Delmas/ Wikimedia Commons/Reprodução)
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Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2020 às 14h58.

Última atualização em 25 de agosto de 2020 às 19h28.

Consideradas um dos animais selvagens mais elegantes pelo comportamento dócil e formato longilíneo do seu pescoço, as girafas estão desaparecendo do mundo. Por isso. ambientalistas pretendem aumentar a proteção legal desses mamíferos para coibir a caça e o tráfico internacional desses animais. Só que uma proteção pode chegar só em 2025, o que tem deixado ambientalistas indignados.

Desde meados da década de 1980, a população desses grandes mamíferos caiu mais de 40%. Há algo como 68.000 adultos vivendo em natureza hoje, segundo ambientalistas. É praticamente 25% da população das espécies de elefantes na África, segundo reportagem da agência AP.

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Para algumas das nove subespécies de girafas o risco de extinção é iminente, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), ONG internacional para a proteção de animais silvestres. Uma delas, a girafa do Cordofão, perdeu 90% da população em 40 anos – há 2.000 indivíduos, vivendo só em parques nacionais do Quênia.

Apesar de mais em perigo de extinção do que os elefantes, as girafas estão fora da lista de animais protegidos pela legislação ambiental americana, organizada pela FWS (sigla em inglês para serviço de proteção à fauna silvestre e marinha), uma agência que funciona aos moldes do Ibama no Brasil e é considerada uma das mais rigorosas do mundo. Os elefantes, por exemplo, estão desde 1978 na lista da FWS de animais com risco de desaparecer do planeta.

A inclusão na conta das autoridades americanas seria um passo importante para conter a extinção das girafas. Com orçamento anual acima de 2 bilhões de dólares, a FWS é uma das maiores financiadoras de atividades de combate à caça e ao tráfico ilegal de animais mundo afora. Desde 2016 a agência tem programas de bolsas dedicadas a isso.

Além disso, os Estados Unidos são um dos principais destinos de produtos da caça ilegal de girafas, como o comércio da pele desses animais. Em 2018, um relatório da organização HSI revelou que 40.000 partes de girafas foram importadas da África para os Estados Unidos entre 2006 e 2015, segundo relata o diário inglês The Independent.

Em 2017, uma coalizão de grupos conservacionistas enviou petição ao FWS para listar girafas. Após dois anos de deliberação, em 2019 o FWS considerou haver “informações substanciais" sobre as ameaças aos aos animais. Os fatos, portanto, justificariam a listagem delas como animais em risco.

Só que o processo de proteção na FWS só deve iniciar em 2025. Segundo o Independent, não está claro os motivos pelos quais o processo de inclusão das girafas na lista de animais em extinção vai levar tanto tempo.

Os pangolins, animais considerados um dos hospedeiros do vírus causador da pandemia da covid-19, demorou pelo menos metade da década.

Nos últimos anos, a agência vem sofrendo cortes orçamentários. Em 2020, a queda é de 16% em relação ao ano passado, uma queda equivalente a 267 milhões de dólares.

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