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'Antártica mais verde': mapeamento inédito alerta para expansão do degelo

MapBiomas revela que apenas 1% do continente fica livre de gelo no verão, mas vegetação avança em áreas antes congeladas e liga alerta para agravamento das mudanças climáticas

A Antártica é o principal regulador térmico global e berço de uma biodiversidade única (Getty Images)

A Antártica é o principal regulador térmico global e berço de uma biodiversidade única (Getty Images)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 1 de dezembro de 2025 às 12h00.

Última atualização em 1 de dezembro de 2025 às 12h32.

Único continente desabitado do planeta, a Antártica é o principal regulador térmico global e berço de uma biodiversidade única.

Mas o gigante branco está mudando: seu gelo marinho atingiu o 3º menor nível em 50 anos, e a região está entre as que mais sofrem os impactos das mudanças climáticas no mundo com efeitos potencialmente catastróficos. 

Um mapeamento pioneiro do MapBiomas, divulgado neste 1º de dezembro, Dia da Antártica, revelou que apenas 1% do seu território fica livre de gelo no verão, o equivalente a 2,4 milhões de hectares. A data é uma celebração ao tratado firmado em 1959 por mais de 50 países e que marca quatro décadas de pesquisas internacionais e interesse científico na região.

Os dados, obtidos por imagens de satélite entre 2017 e 2025, parecem significar pouco, mas ligam um novo alerta: o continente está ficando "mais verde" e sofrendo mais rapidamente os efeitos do aquecimento global. 

++ Leia mais: TIM Brasil leva 5G à Antártida para apoiar pesquisas sobre mudanças climáticas

Dessas áreas livres de gelo, 5% ou cerca de 107 mil hectares abrigam vegetação e são como "oásis de vida" onde crescem musgos, líquens e algas que morrem completamente a cada inverno, deixando apenas sementes para brotar novamente no verão seguinte.

Segundo os pesquisadores, mapear estas áreas é essencial para compreender os impactos das mudanças climáticas. O continente detém mais de 70% das reservas de água doce e controla as correntes atmosféricas e oceânicas, influenciando diretamente o clima do Sul global.

"O mapa de áreas livres de gelo é essencial para o monitoramento da fauna, pois os ninhos e o nascimento dos filhotes das espécies animais ocorrem durante o verão. Já o mapa de vegetação fornece informações essenciais para avaliar a produtividade dos ecossistemas", explicou a professora Eliana Fonseca, à frente da pesquisa.

Acompanhar a dinâmica da Antártica também se justifica por ser o local do nascimento das frentes frias, que também influenciam as chuvas no hemisfério. 

Júlia Shimbo, coordenadora científica do MapBiomas, destacou que esta é a primeira versão do mapeamento e a expectativa é envolver mais cientistas e grupos de pesquisa para agregar outras variáveis nos próximos estudos.

No entanto, o mapeamento pioneiro enfrentou uma série de desafios e condições extremas. A Antártica não recebe radiação solar no inverno, então as áreas livres de gelo só podem ser identificadas no verão, após o derretimento da neve acumulada.

"Além de só podermos identificar áreas livres de gelo no verão, nessa época ocorre também o fenômeno conhecido como 'sol da meia-noite', quando o sol circunda o continente, causando a projeção de uma grande quantidade de sombras feitas pelas cadeias de montanhas", detalhou a professora Fonseca.

Por isso, em vez de mostrar a dinâmica ano a ano como em outras análises do MapBiomas, os cientistas criaram um "mosaico de imagens livres de nuvens e com pouca influência de sombras, capturadas ao longo de vários verões".

Os cientistas também explicam que este tipo de registro depende de tecnologia de ponta e só se tornou viável recentemente, pois os satélites ambientais foram historicamente planejados para cobrir regiões tropicais e temperadas, não os polos.

'Oásis verde': onde a vida resiste

A vegetação antártica se desenvolve principalmente nas ilhas, na região costeira e na Península Antártica, mas também aparece surpreendentemente no topo das cadeias de montanhas do interior do continente. O estudo indica que são locais onde há maior incidência de radiação solar e terrenos planos com acúmulo de água líquida.

Por outro ado, essas pequenas áreas são vitais: pinguins, focas e aves marinhas dependem delas para fazer ninhos e criar seus filhotes. Sem esses "oásis" de terra descoberta, a reprodução da fauna seria impossível.

As condições climáticas do continente também variam drasticamente. Enquanto nas ilhas antárticas a temperatura máxima mensal média entre 1958 e 2024 chega a 1-3°C positivos no verão, no interior do continente como nas Montanhas Ellsworth, os termômetros registram máximas ficam entre -15°C e -30°C, e as mínimas entre -20°C e -35°C durante todos os meses do ano.

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