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Agropecuária puxa alta de 6% nas emissões de metano no Brasil às vésperas da COP30

Estudo do Observatório do Clima divulgado nesta quarta-feira, 27, revela que país é 5º maior emissor mundial do gás poluente e caminha contra compromisso da COP26 em Glasgow

O metano é considerado 28 vezes mais potente do que o CO2 e está associado ao arroto do boi ou fermentação entérica (Helder Faria/Getty Images)

O metano é considerado 28 vezes mais potente do que o CO2 e está associado ao arroto do boi ou fermentação entérica (Helder Faria/Getty Images)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 27 de agosto de 2025 às 14h30.

Com boa parte das emissões vindo do setor agropecuário, o Brasil teve uma alta de 6% de metano emitido na atmosfera de 2020 a 2023 e se posiciona como o quinto maior emissor mundial -- atrás apenas da China, Estados Unidos, Índia e Rússia.

É o que revela um estudo do Observatório do Clima divulgado nesta quarta-feira, 27, ao mostrar que o país caminha na direção contrária do Compromisso Global do Metano firmado na COP26 de Glasgow e que previa a redução de 30% das emissões até 2030.

No novo documento, a organização ambiental detalha ações de mitigação para o cumprimento das metas climáticas nacionais (NDCs) e em compromisso com o Acordo de Paris. 

Especialistas alertam que é fundamental combater o problema ambiental para conter a crise climática, no ano em que recebe a COP30 pela primeira vez.

A ciência aponta que é preciso reduzir 45% do metano para combater o aquecimento global em 0,3°C até 2040.

Segundo os dados, 2023 foi o segundo maior nível já registrado e representou 21,1 milhões de toneladas emitidos deste gás poluente que é 28 vezes mais potente que o dióxido de carbono (CO2) em um período de cem anos.

Os dados revelam uma tendência de crescimento desde 2015. Entre 2005 e 2023, o aumento foi de 7,2%, passando de 19,6 para 21,1 milhões de toneladas.

Agropecuária lidera

Conhecido por ser causado pelo arroto do boi ou fermentação entérica, a agropecuária liderou 75,6% das emissões de metano brasileiras em 2023 e totalizou 15,7 milhões de toneladas -- sendo 98% originadas na pecuária.

O Brasil possui o segundo maior rebanho bovino do mundo e lidera as exportações de carne bovina. Segundo dados do IBGE, o rebanho cresceu de 218,2 milhões de cabeças em 2020 para 238,6 milhões em 2023.

Para se ter uma dimensão do impacto, apenas as emissões da fermentação entérica equivalem a 406 milhões de toneladas de CO2 -- mais do que todos os gases de efeito estufa emitidos pela Itália no mesmo período.

Outros setores

O setor de resíduos ocupa a segunda posição, com 3,1 milhões de toneladas de metano emitidas em 2023, tendo como principal fonte os dejetos orgânicos despejados em lixões.

Na sequência aparecem: mudanças de uso da terra e florestas pelas queimadas (1,33 Mt), energia (0,55 Mt) com a utilização de lenha em residências e processos industriais a partir do vazamento da cadeia de petróleo e gás (0,02 Mt).

Soluções já existem

Segundo Gabriel Quintana, analista de ciência do clima do Imaflora, é possível reduzir mais de um quarto das emissões de metano da agropecuária até 2035, mesmo mantendo o crescimento da atividade.

As estratégias incluem melhorar a dieta animal, reduzir o tempo de abate do gado de corte e investir na melhoria genética dos rebanhos.

No setor de resíduos, as medidas passam pelo fechamento de todos os lixões até 2028, ampliação da reciclagem e melhor aproveitamento do biogás dos aterros sanitários. Com essas soluções, seria possível reduzir em quase um terço as emissões.

O coordenador do SEEG, David Tsai, destaca que o Brasil precisa focar em "regeneração florestal, recuperação de solo e adoção de energias renováveis" para liderar a ambição climática mundial, ao mesmo tempo que reduz as emissões de metano lidando com "a magnitude da atividade pecuária, a precariedade da gestão de resíduos sólidos e a pobreza energética".

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