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Adaptação: 96% dos paulistanos acredita que a cidade está despreparada para eventos climáticos

Estudo do Grupo Zurich analisou as 10 maiores metrópoles do mundo e concluiu que quatro em cada cinco pessoas entendem que os locais onde vivem não estão resilientes ao clima

Em outubro, São Paulo enfrentou fortes tempestades que abalaram estruturas e construções, além de deixarem milhares sem energia elétrica (Ronaldo Lesiv/Divulgação)

Em outubro, São Paulo enfrentou fortes tempestades que abalaram estruturas e construções, além de deixarem milhares sem energia elétrica (Ronaldo Lesiv/Divulgação)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 1 de novembro de 2024 às 06h00.

Será que as maiores metrópoles do mundo estão preparadas para lidar com os eventos climáticos extremos? Na percepção pública, quatro em cada cinco pessoas acreditam que a resposta é não, e as cidades que vivem não estão organizadas para gerenciar os riscos e impactos mais severos da crise climática.

É isso que revela um novo estudo do Grupo Zurich em parceria com a empresa internacional de pesquisa Economist Impact, ao se debruçar para entender a visão da população sobre medidas de adaptação e resiliência em Amsterdã, Cairo, Cidade do Cabo, Dubai, Jacarta, Madri, Mumbai, Nova York e Tóquio. 

Após ouvir mais de cinco mil moradores, o levantamento apontou que 32% pensa que sua cidade está “um pouco preparada” e mais de um quarto (28%) considera que  "está despreparada" para enfrentar as ondas de calor, inundações, secas e poluição do ar que acontecem cada vez com mais frequência. Já os que acreditam "não estar preparada nem despreparada", somam 22% e somente 16% dizem que o local onde vivem está de fato pronto para lidar com eventos climáticos extremos.

São Paulo, Tóquio e Nova York foram vistas como as menos estruturadas para enfrentar esses riscos. Para 96% paulistanos, a cidade está "despreparada ou totalmente despreparada" para os cenários futuros que o clima impõe.

Fabio Leme, Diretor Executivo de Personal Lines e Marketing da Zurich Seguros, disse à EXAME que os resultados indicam uma preocupação frente aos riscos climáticos e uma busca por soluções para minimizá-los, ao mesmo tempo que pode ser reflexo da falta de informação e ações em curso. "É preciso dar uma resposta rápida e eficaz, bem como investir em medidas de adaptação e mitigação para reduzir os riscos e proteger as comunidades”, destacou. 

Quando questinados sobre de quem é a responsabilidade de investir em cidades mais resilientes, 50% disseram ser dos governos nacionais, e 46% citaram as lideranças locais. Segundo os entrevistados, os governos federais têm os recursos financeiros e o poder regulatório para implementar reformas de infraestrutura e políticas em larga escala -- enquanto os locais conhecem mais de perto os desafios da região. 

“Existe uma percepção compartilhada de que a responsabilidade pela adaptação climática é ampla e multifacetada. Mas, existe um consenso de que é preciso esforços coordenados", complementou Fabio. 

Entre os obstáculos, 56% disseram não confiar nas diretrizes governamentais. O custo é a principal barreira para 53%, e 49% não acreditam na eficácia das estratégias existentes, enquanto barreiras culturais são apontadas por 39%. Além disso, 18% negam que os impactos da emergência climática sejam uma ameaça significativa.

As iniciativas individuais também foram apontadas como vetor fundamental para driblar os desafios do clima, seguidas por atuação das empresas (31%). Um terço dos entrevistados se sente responsável pela adaptação climática em sua cidade e já tomou alguma medida nos últimos 12 meses ou planeja tomar nos próximos.

As ações mais populares incluem autoeducação sobre o tema (75%), conservação de recursos hídricos (74%) e mudanças nos hábitos de consumo (69%).

Outros destaques 

O estudo também mostra que 41% dos indivíduos acreditam que os sistemas de gestão hídrica de suas cidades correm risco, indicando que problemas como secas, inundações e poluição da água são grandes preocupações e outros 33% se sentem aflitos com a infraestrutura energética.

Já os sistemas de saúde são uma preocupação para 31% devido às mudanças no clima e o abastecimento de alimentos é apontado por 30% como ponto de vulnerabilidade, seguido por gestão de lixo e resíduos (27%), infraestrutura de transportes (24%), edificações (24%), serviços de emergência (22%), infraestrutura de comunicações (13%) e educação (11%). 

O entendimento sobre os impactos das mudanças climáticas varia a depender do gênero e idade: 45% das mulheres são mais propensas a ver a “qualidade do ar em sua cidade” como o fator de maior risco, em comparação com 41% dos homens. Os mais velhos também são mais sensíveis ao tema: 42%  com 65 anos ou mais dizem que as consequências devem afetar a disponibilidade e a qualidade da infraestrutura pública das cidades, enquanto nos jovens a preocupação cai para 25%.

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