Davos, na Suíça: as favelas brasileiras estarão representadas no Fórum Econômico Mundial (GanzTwins/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 20 de maio de 2022 às 11h49.
Última atualização em 20 de maio de 2022 às 18h39.
Celso Athayde*
Davos, aí vou eu. Não vou sozinho. Levo comigo a potência de 17 milhões de pessoas, de um país chamado favela.
Estou aqui. No Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, minha cidade. Esperando para embarcar para uma viagem, que vai muito além de um sonho. Porque nem no sonho mais otimista, que eu idealizava junto com minha mãe e meus irmãos, eu esperava ganhar o Prêmio do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, como maior Empreendedor de Impacto e Inovação do Mundo.
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Aqui, da sala de embarque, fiquei pensando em tudo o que vivi no Rio. O quanto essa cidade me formou e me ensinou. O quanto tive que empreender neste lugar, desde os meus primeiros passos. O quanto, nesta cidade, me reconheci como preto e favelado, mesmo que de forma um tanto involuntária.
Agora estou aqui, levando na minha bagagem toda a minha essência de preto de favela, e sobretudo, toda a potência que esse território carrega. Logo, quem está indo pra Davos, não é só o Celso Athayde, e sim a capacidade de transformação social que cada favelado e cada favelada tem na sua essência.
Somos 17 milhões de potências. O dobro de pessoas que têm na Suíça, país onde está localizado o Fórum Econômico Mundial. Somos um grande e potente país chamado favelado.
Eu não sei exatamente o que e quem eu vou encontrar na premiação do Fórum. Imagino que estejam lá grandes empresários e estadistas. Mas garanto que vou olhar no olho de cada pessoa que eu encontrar lá, e falar de onde eu vim, quem somos, das nossas potências e de onde somos capazes de chegar. Como por exemplo, no Fórum Econômico Mundial, em Davos.
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*Celso Athayde é cofundador da Central Única de Favelas (Cufa) e CEO da Favela Holding