ESG

Patrocínio:

espro_fa64bd

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

10 anos do Acordo de Paris: França anuncia plano para neutralidade de carbono até 2050

Compromisso climático prevê eliminação gradual do petróleo até 2045 e do gás; Anúncio acontece em meio a protestos no país por avanços insuficientes da última década

Ativistas protestam em Paris no dia em que o Acordo de Paris completa 10 anos (Getty Images)

Ativistas protestam em Paris no dia em que o Acordo de Paris completa 10 anos (Getty Images)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 12 de dezembro de 2025 às 18h00.

Última atualização em 12 de dezembro de 2025 às 18h06.

A França acaba de lançar seu plano atualizado para atingir a neutralidade de carbono até 2050 e prevê a eliminação gradual do petróleo e gás, semanas após ter perdido força em políticas de transição energética na COP30 em Belém, quando foi uma das nações ao se opor ao roteiro do fim dos combustíveis fósseis. 

O anúncio acontece em meio a protestos no país devido aos "avanços limitados" dos compromissos climáticos e na data em que se completam 10 anos do histórico Acordo de Paris, quando o mundo concordou a limitar o aquecimento a 1.5ºC em relação aos níveis pré-industriais.

Segundo informações da AFP, a meta é ambiciosa e a versão preliminar da terceira Estratégia Nacional de Baixo Carbono (SNBC-3) foi publicada nesta sexta-feira, 12.

Desde a COP21, o governo francês se comprometeu a eliminar gradualmente atividades industriais e fontes de energia fósseis que contribuem para o agravamento da crise climática, considerando essa transição energética "compatível com o crescimento econômico".

"Este é, antes de tudo, um plano de recuperação econômica e industrial", afirmou Monique Barbut, ministra da Transição Ecológica, ao jornal Les Échos.

Metas agressivas com 'prazos desafiadores'

A estratégia estabelece objetivos que parecem difíceis de alcançar, dada a proximidade dos prazos. O plano prevê a eliminação gradual do petróleo entre 2040 e 2045 e o fim da utilização de gás natural em 2050.

Reduzir a dependência das importações de poluentes é um objetivo amplamente compartilhado, que deve beneficiar a produção nacional de eletricidade, especialmente a partir de fontes renováveis.

A meta é aumentar a participação da eletricidade no consumo energético para 55% até 2050, contra 37% em 2023.

Para especialistas, o contexto geopolítico é desafiador. Os Estados Unidos, maior produtor mundial de petróleo, continuam apostando na produção de fósseis e em negação frente às mudanças climáticas.

Transporte e agricultura no foco da transição

A eletrificação deve avançar significativamente no setor de transportes. O governo francês prevê que 15% dos carros em circulação no país tenham alimentação elétrica até 2030. Até 2050, apenas o transporte aéreo doméstico continuaria emitindo CO₂, segundo o plano.

O transporte de cargas deve priorizar caminhões, trens e barcaças elétricas. Na agricultura, as recomendações incluem:

  • Mais frutas, verduras e legumes na alimentação;
  • Redução da intensidade de carbono da pecuária, com o retorno de pastagens;
  • Corte de 50% no desperdício de alimentos até 2030, em relação a 2015;

No setor industrial, o foco será na reindustrialização por meio da descarbonização da produção e na mudança dos padrões de consumo, visando reduzir a demanda por processos com alta emissão de carbono.

Protestos marcam 10 anos do Acordo de Paris

Nesta sexta-feira, ativistas do Greenpeace comandaram um ato na Place de l'Étoile, em Paris, e organizações ambientais pintaram o chão de vermelho, alegando que a tinta era feita com "pigmentos naturais".

"Precisamos fazer coisas espetaculares que atraiam a atenção de jornalistas, da população e do Estado para que as pessoas falem sobre isso. É um pouco triste, mas é isso que a resistência cidadã representa hoje: encontrar maneiras inovadoras de chamar a atenção para a crise do clima", explicou à AFP Jason Temaui Man, ativista climático da Polinésia que participou da ação organizada pelo Greenpeace.

Os protestos refletem a frustração de organizações ambientais com o que consideram "10 anos de sabotagem climática", em referência ao ritmo lento das mudanças necessárias para conter o aquecimento global, mesmo após os compromissos assumidos em Paris há uma década.

Acompanhe tudo sobre:ClimaMudanças climáticasFrançaEmissões de CO2

Mais de ESG

Brasil amplia em 158% restauração de ecossistemas e Mata Atlântica lidera

Ciclones serão 'novo normal' e cidades precisam se preparar, alerta especialista

Relatório aponta: 60 mil pessoas poluem 3 vezes mais que metade da humanidade

Bayer transforma programa de carbono em ecossistema robusto: 'Ambição é escalar', diz CEO