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Ativistas protestam em Paris no dia em que o Acordo de Paris completa 10 anos (Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 12 de dezembro de 2025 às 18h00.
Última atualização em 12 de dezembro de 2025 às 18h06.
A França acaba de lançar seu plano atualizado para atingir a neutralidade de carbono até 2050 e prevê a eliminação gradual do petróleo e gás, semanas após ter perdido força em políticas de transição energética na COP30 em Belém, quando foi uma das nações ao se opor ao roteiro do fim dos combustíveis fósseis.
O anúncio acontece em meio a protestos no país devido aos "avanços limitados" dos compromissos climáticos e na data em que se completam 10 anos do histórico Acordo de Paris, quando o mundo concordou a limitar o aquecimento a 1.5ºC em relação aos níveis pré-industriais.
Segundo informações da AFP, a meta é ambiciosa e a versão preliminar da terceira Estratégia Nacional de Baixo Carbono (SNBC-3) foi publicada nesta sexta-feira, 12.
Desde a COP21, o governo francês se comprometeu a eliminar gradualmente atividades industriais e fontes de energia fósseis que contribuem para o agravamento da crise climática, considerando essa transição energética "compatível com o crescimento econômico".
"Este é, antes de tudo, um plano de recuperação econômica e industrial", afirmou Monique Barbut, ministra da Transição Ecológica, ao jornal Les Échos.
A estratégia estabelece objetivos que parecem difíceis de alcançar, dada a proximidade dos prazos. O plano prevê a eliminação gradual do petróleo entre 2040 e 2045 e o fim da utilização de gás natural em 2050.
Reduzir a dependência das importações de poluentes é um objetivo amplamente compartilhado, que deve beneficiar a produção nacional de eletricidade, especialmente a partir de fontes renováveis.
A meta é aumentar a participação da eletricidade no consumo energético para 55% até 2050, contra 37% em 2023.
Para especialistas, o contexto geopolítico é desafiador. Os Estados Unidos, maior produtor mundial de petróleo, continuam apostando na produção de fósseis e em negação frente às mudanças climáticas.
A eletrificação deve avançar significativamente no setor de transportes. O governo francês prevê que 15% dos carros em circulação no país tenham alimentação elétrica até 2030. Até 2050, apenas o transporte aéreo doméstico continuaria emitindo CO₂, segundo o plano.
O transporte de cargas deve priorizar caminhões, trens e barcaças elétricas. Na agricultura, as recomendações incluem:
No setor industrial, o foco será na reindustrialização por meio da descarbonização da produção e na mudança dos padrões de consumo, visando reduzir a demanda por processos com alta emissão de carbono.
Nesta sexta-feira, ativistas do Greenpeace comandaram um ato na Place de l'Étoile, em Paris, e organizações ambientais pintaram o chão de vermelho, alegando que a tinta era feita com "pigmentos naturais".
"Precisamos fazer coisas espetaculares que atraiam a atenção de jornalistas, da população e do Estado para que as pessoas falem sobre isso. É um pouco triste, mas é isso que a resistência cidadã representa hoje: encontrar maneiras inovadoras de chamar a atenção para a crise do clima", explicou à AFP Jason Temaui Man, ativista climático da Polinésia que participou da ação organizada pelo Greenpeace.
Os protestos refletem a frustração de organizações ambientais com o que consideram "10 anos de sabotagem climática", em referência ao ritmo lento das mudanças necessárias para conter o aquecimento global, mesmo após os compromissos assumidos em Paris há uma década.