Apesar dos bons números, falta de padronização e compartilhamento de dados pode limitar a eficácia das ações (Polícia Federal/Arquivo/Divulgação)
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Publicado em 16 de dezembro de 2025 às 22h18.
Última atualização em 16 de dezembro de 2025 às 22h18.
Entre janeiro e novembro deste ano foram apreendidos R$ 9,5 bilhões em bens e dinheiro em operações contra o crime organizado. Segundo a Polícia Federal, os valores correspondem a dinheiro em espécie, além de aeronaves, imóveis, embarcações, criptomoedas e ouro, além de quantias bloqueadas em contas de investigados.
Foram contabilizadas 3.310 operações, com 2.413 prisões cumpridas. Somente a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco), estrutura de cooperação criada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) em parceria com órgãos estaduais e federais, foi responsável por quase 1.000 prisões e mais de 1.500 buscas e apreensões.
Segundo estudo realizado pelo Instituto Esfera, existem 72 facções criminosas vinculadas ao narcotráfico em todo o País, mas faltam mecanismos formais de coordenação federativa que integrem informações entre União, estados e municípios.
Apesar da vasta rede de órgãos com atribuições de segurança, incluindo PF, Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Banco Central, Receita Federal e agências reguladoras, a falta de padronização e compartilhamento de dados limita a eficácia das ações.
Integração e tecnicidade
Em evento promovido pela Esfera Brasil neste mês em Brasília, o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Manoel Carlos, reforçou que a falta de integração nacional dos sistemas de segurança e dados roordenação mais eficaz entre as instâncias de governo.
“Os sistemas no Brasil não se comunicam, isso é um absurdo e precisa acabar. O crime organizado, em especial as facções criminosas, atuam de forma interestadual.”
Já o senador Fabiano Contarato, presidente da CPI do Crime Organizado, ressaltou a necessidade de manter o foco técnico, longe de debates ideológicos. Para ele, a CPI deve trabalhar com critérios objetivos para investigar e propor melhorias no enfrentamento às facções criminosas.
“O governo por vezes peca quando tem um olhar romantizado sobre a segurança pública. E olha que sou defensor dos direitos humanos. Faço críticas ao campo progressista quando não enfrenta o tema da segurança pública com os pés no chão”, pontuou o senador.
Na ocasião, ambos reforçaram a visão que o momento é propício para o debate de segurança pública no Brasil, principalmente a partir da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública - que consiste na integração dos dados da segurança pública, fortalecimento dos fundos e aumento das competências da Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal.