Huawei aposta no treinamento e qualificação de mulheres para atuar em tecnologia
Déficit de mão de obra no setor é de 400 mil vagas até 2025, segundo Brasscom; apesar das oportunidades, só um terço dos cargos de liderança é de mulheres
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Publicado em 10 de março de 2023 às 08h30.
As mulheres ainda são minoria no mercado de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), mas oportunidades de emprego não faltam no Brasil. Para tentar acabar com esse desequilíbrio no setor, iniciativas foram criadas para impulsionar a carreira de lideranças femininas na tecnologia, entre elas o projeto Women in Tech, da Huawei.
Por meio de parcerias, o programa pretende impactar cerca de cinco milhões de brasileiras, a partir do acesso a plataformas digitais com cursos, treinamentos, aulas, debates e entrevistas sobre mercado de trabalho, soft skills e tecnologia.
“O programa não é só fazer a capacitação e treinamento nos mais diversos temas, como 5G, conectividade e IoT (Internet das Coisas, em português), mas também absorção de mão de obra”, explica o vice-presidente de Relações Públicas da Huawei América Latina e Caribe, Atilio Rulli.
A empresa tem 200 parceiros no Brasil, entre institutos, universidades e academias. Os candidatos a participar dos programas são selecionados pelas universidades por meio de concursos ou ranking de notas. A Huawei também faz uma seleção interna de estagiários. “Tivemos colaboração com o Ministério da Educação e o de Ciência e Tecnologia. A seleção é bem interessante porque vem de fora para dentro”, diz Rulli.
Veja também: Paridade de salários e cargos de liderança ainda são desafios para as mulheres
A sub-representação das mulheres na política brasileira
Uma vez escolhido, o candidato não tem qualquer custo com transporte aéreo, hotel, treinamentos e alimentação. No programa de intercâmbio cultural e profissional Seeds for the Future, um grupo de 30 a 40 estudantes foi à China, enquanto outro foi para o México, ambos com o intuito de trocar de experiências em duas semanas de imersão: uma em tecnologia e outra em cultura. Do total, 50% eram mulheres, para incentivar a equidade de gênero no mercado de telecomunicações.
“Estamos priorizando a inclusão de mulheres em várias ações. Fizemos uma feira de oferta de empregos para Huawei e parceiros. Participaram 15 empresas. Criamos mais de 260 postos de trabalho. As empresas do nosso ecossistema, clientes e também as grandes operadoras absorvem a mão de obra que treinamos”, ressalta o vice-presidente.
Vagas no mercado
O mercado de tecnologia enfrenta desafios para qualificação de mão de obra. Segundo dados da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais), o setor vai precisar de 420 mil profissionais até 2024. No entanto, cerca de 37 mil alunos se formam anualmente nos ensinos Superior e Técnico.
Apesar de as mulheres ainda serem minoria na ciência da computação e na engenharia, essas áreas vão demandar cada vez mais profissionais especializados.
“O ambiente de TIC é ainda bem desequilibrado na questão de homens e mulheres, até no ambiente universitário. Se você for ver a quantidade de mulheres que desistem das carreiras de tecnologia e ciência da computação, é muito maior, e na empregabilidade não é diferente. As mulheres representam um número bem menor do que o de homens nas empresas”, pontua o executivo.
Segundo Rulli, não faltam oportunidades no mercado, mas a realidade é outra: apenas um terço das lideranças do setor de TIC é de mulheres. Na linha de presidentes e CEOs, 5% dos cargos ocupados por elas estão no topo da pirâmide.
“Um pouco é o desconhecimento dessas oportunidades e da possibilidade de crescimento de carreira. Não é uma carreira comum. TIC vem de Ciências Exatas, que já é uma área mais masculina. Como o ambiente é machista, há uma refração de querer entrar nesse ambiente. É decorrência, mas não é justificativa”, acredita.
Women in Tech Brasil
Lançado no dia 12 de abril de 2022, o projeto tem como objetivo promover a inclusão de profissionais e a formação de lideranças femininas no setor de TIC. Com menos de um ano de existência, o programa está em aprimoramento. “Queremos expandir a cooperação com o ecossistema, estar até em outros cenários, não só o de TIC. A Huawei vai engajar cada vez mais nos programas que estão sendo criados para ser colaboradora de capacitação, mas também de absorção de mão de obra”, conclui.