Economia

Vinicultores pedem três anos de proteção ao governo

Os produtores de vinhos finos querem a imposição de cotas para impedir que as marcas estrangeiras se apoderem do mercado potencial que surgirá no Brasil nos próximos anos

O consumo de vinho vem crescendo a um ritmo de 8% ao ano (HybridSys/stock.xchng)

O consumo de vinho vem crescendo a um ritmo de 8% ao ano (HybridSys/stock.xchng)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de março de 2012 às 20h21.

Rio de Janeiro - Os vinicultores brasileiros disseram nesta segunda-feira esperar que as ressalvas estudadas pelo governo sobre as importações de vinhos permitam, durante um período de três anos, uma reorganização no setor para aumentar sua competitividade no mercado interno.

'Não pedimos especificamente que o governo aumente o imposto de importação sobre os vinhos nem imponha restrições. O que queremos é um prazo para ter condições de garantir uma participação no futuro crescimento do consumo de vinho no Brasil', disse o presidente do Instituto Brasileiro do Vinho, Carlos Raimundo Paviani, em entrevista à Agência Efe.

Paviani acrescentou que os produtores de vinhos finos querem a imposição de cotas para impedir que as marcas estrangeiras se apoderem do mercado potencial que surgirá no Brasil nos próximos anos.

Segundo ele, o consumo de vinho vem crescendo a um ritmo de 8% ao ano, e as cotas se aplicariam sobre a nova oferta.

'O mercado brasileiro de vinhos finos foi de 91 milhões de litros no ano passado. Se esse número crescer 10% este ano, como está previsto, queremos atingir metade desse mercado futuro', disse.

Nos cálculos da Ibravin, se os produtores nacionais aumentarem suas vendas em 4,5 milhões de litros ao ano, equivalentes à metade do crescimento total previsto, em três anos as vendas seriam de 13,5 milhões de litros, o que representaria um crescimento de 60% em relação ao que se tem hoje.


De acordo com Paviani, as cotas seriam estabelecidas segundo a média da participação de cada país nas importações nos últimos três anos.

Segundo a Ibravin, o Brasil importou 75,32 milhões de litros de vinho em 2010, dos quais 26,51 milhões do Chile, 18,05 milhões da Argentina, 13 milhões da Itália e 8,07 milhões de Portugal, os principais abastecedores do país.

A Argentina, como sócia plena do Brasil no Mercosul, estaria isenta das restrições, segundo Paviani.

'O que pedimos é uma medida que permita que a participação no mercado futuro se distribua de forma mais equilibrada entre nacionais e importados', disse.

Em sua opinião, a medida 'não seria absurda, não impediria o crescimento dos vinhos importados, não retiraria produtos do mercado nem aumentaria os preços'.

Há dez dias, o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio anunciou que aceitou avaliar o pedido dos produtores nacionais.


Segundo o governo, 'existem indícios' de que o aumento das importações de vinho 'causou um prejuízo grave à indústria' brasileira, já que, enquanto as vendas dos importados aumentaram em 56,3% entre 2006 e 2010, as dos nacionais só cresceram 11,4%.

A participação dos vinhos estrangeiros no mercado brasileiro passou de 67,1% em 2006 a 78,7% em 2010.

Segundo Paviani, os produtores pretendem aproveitar o período para adotar medidas de ajuste tanto na vinicultura como na enologia e na comercialização até alcançar pelo menos 35% do mercado.

'Se não tivermos espaço, a tendência é desaparecermos. Já chegamos a vender até 50 milhões de litros ao ano e hoje só comercializamos 18 milhões', argumentou. 

Acompanhe tudo sobre:bebidas-alcoolicascomida-e-bebidaGovernoProtecionismoVinhos

Mais de Economia

Reforma tributária: videocast debate os efeitos da regulamentação para o agronegócio

Análise: O pacote fiscal passou. Mas ficou o mal-estar

Amazon, Huawei, Samsung: quais são as 10 empresas que mais investem em política industrial no mundo?

Economia de baixa altitude: China lidera com inovação