Venezuelanos aquecem mercado ilegal devido desabastecimento
Escassez de produtos da cesta básica na Venezuela tem levado a população a criar alternativas para driblar a carência de alguns produtos
Da Redação
Publicado em 14 de março de 2014 às 10h23.
San Cristóbal -A escassez de produtos da cesta básica na Venezuela tem levado a população a criar alternativas para driblar a carência de alguns produtos.
Substituição e troca de alimentos, além de compras no mercado ilegal, são algumas medidas adotadas pelos venezuelanos.
O índice de escassez, calculado pelo Banco Central da Venezuela (BCV), manteve-se na faixa de 20% no ano passado.
O relatório de janeiro de 2014 apontou um índice de 26,2%, demonstrando que a situação se tornou parte do cotidiano da população.
De maneira geral, os produtos mais escassos são justamente os da cesta básica, como o açúcar, o leite, a carne, o arroz, o frango, o papel higiênico, o óleo, o sabonete, o sabão em pó e o creme dental.
Para conhecer o dia a dia dos venezuelanos, a Agência Brasil conversou com moradores de Caracas, capital, e de San Cristóbal, Táchira, na Região Andina.
Alguns habitantes de Táchira, estado fronteiriço com a Colômbia, dizem que mudaram hábitos alimentares e começaram a substituir produtos.
A dona de casa Jéssica Maldonado destacou que o cardápio do café da manhã da família, por exemplo, varia conforme o que se encontra para a compra.
Ela conta que já não come arepa diariamente - uma espécie de pão cozido de farinha de milho branco, tradicional no café da manhã do país.
Jéssica acrescentou que compra produtos regulados - com preços tabelados e subsidiados pelo governo - nos supermercados estatais e conveniados.
Quando não encontra produtos com preços regulados, nem sempre consegue pagar pelos vendidos no mercado ilegal. “O preço sobe até 30 vezes”, ressaltou.
Com relação às mudanças no cardápio, ela disse que a família acabou se acostumando. “Tem dia que comemos mandioca cozida no café da manhã ou, então, tomamos sopa, algo que fazem por aqui, mas que não fazíamos em casa. E eu controlo bem o que tem para comer, para não faltar. Dá medo de um dia chegar na fila do mercado e não conseguir comprar nada. Até sonho com isso”.
Além de alterar a rotina familiar, a escassez impacta no setor comercial e afeta empresas e fábricas de alimentos, especialmente panificadoras e restaurantes.
A dona de uma padaria na rodoviária de San Cristóbal, que não quis se identificar, relatou suas dificuldades. “Quase não estamos conseguindo comprar farinha. O que chega aos supermercados é controlado para a venda individual e as remessas para o comércio têm demorado a chegar e, quando chegam, são insuficientes para atender todos os comerciantes”.
Segundo a comerciante, não é possível comprar farinha em quantidade suficiente para a produção no mercado ilegal.
“Mesmo que tivesse a quantidade que precisamos seria impossível, porque o produto é contrabandeado ou vendido irregularmente, é caríssimo”, explica.
Ela disse que um problema é a falta de regularidade na chegada do produto.
“Não podemos nos planejar com uma produção feita de forma irregular e acabamos demitindo funcionários”, lamenta.
Em Caracas, comerciantes privados também reclamam de dificuldades em manter estoques de produtos, como remédios e alimentos da cesta básica, embora, com relação aos insumos para produção em padarias, por exemplo, não se note de forma tão nítida, quanto no interior.
Entretanto, os preços estão altos e são remarcados semanalmente.
Na capital, os moradores falam da dificuldade de comprar leite, café, açúcar, farinha, papel higiênico, carne e frango. Há problemas tanto na rede privada, quanto nos mercados estatais.
"Não é que não tem nada aqui. Eu compro no Mercal - mercado estatal subsidiado - e toda semana tem. Mas não chega em quantidade e temos que comprar pouco e enfrentar filas", conta a ambulante María del Rosario.
Com as dificuldades, na cidade também acontece a troca de mercadorias. O taxista Ángel Muñoz, 54 anos, disse que se acostumou a fazer permutas com vizinhos.
Ele disse que às vezes troca café por leite em pó e farinha de arepa.
“Esta semana, depois de quase um mês sem ter café em casa, trocamos meio quilo de leite em pó por café”.
Ángel ressaltou que está cansado da situação.
Ele conta que desde o início do governo de Hugo Chávez apoiava as mudanças implementadas por acreditar que a população mais pobre estava sendo amparada pelas políticas sociais do governo.
“Chávez redistribuiu a renda no país e fez com que gente muito pobre, que nem sequer comia, começasse a ter três refeições por dia. Isso não é propaganda política. De fato aconteceu”, comentou.
San Cristóbal -A escassez de produtos da cesta básica na Venezuela tem levado a população a criar alternativas para driblar a carência de alguns produtos.
Substituição e troca de alimentos, além de compras no mercado ilegal, são algumas medidas adotadas pelos venezuelanos.
O índice de escassez, calculado pelo Banco Central da Venezuela (BCV), manteve-se na faixa de 20% no ano passado.
O relatório de janeiro de 2014 apontou um índice de 26,2%, demonstrando que a situação se tornou parte do cotidiano da população.
De maneira geral, os produtos mais escassos são justamente os da cesta básica, como o açúcar, o leite, a carne, o arroz, o frango, o papel higiênico, o óleo, o sabonete, o sabão em pó e o creme dental.
Para conhecer o dia a dia dos venezuelanos, a Agência Brasil conversou com moradores de Caracas, capital, e de San Cristóbal, Táchira, na Região Andina.
Alguns habitantes de Táchira, estado fronteiriço com a Colômbia, dizem que mudaram hábitos alimentares e começaram a substituir produtos.
A dona de casa Jéssica Maldonado destacou que o cardápio do café da manhã da família, por exemplo, varia conforme o que se encontra para a compra.
Ela conta que já não come arepa diariamente - uma espécie de pão cozido de farinha de milho branco, tradicional no café da manhã do país.
Jéssica acrescentou que compra produtos regulados - com preços tabelados e subsidiados pelo governo - nos supermercados estatais e conveniados.
Quando não encontra produtos com preços regulados, nem sempre consegue pagar pelos vendidos no mercado ilegal. “O preço sobe até 30 vezes”, ressaltou.
Com relação às mudanças no cardápio, ela disse que a família acabou se acostumando. “Tem dia que comemos mandioca cozida no café da manhã ou, então, tomamos sopa, algo que fazem por aqui, mas que não fazíamos em casa. E eu controlo bem o que tem para comer, para não faltar. Dá medo de um dia chegar na fila do mercado e não conseguir comprar nada. Até sonho com isso”.
Além de alterar a rotina familiar, a escassez impacta no setor comercial e afeta empresas e fábricas de alimentos, especialmente panificadoras e restaurantes.
A dona de uma padaria na rodoviária de San Cristóbal, que não quis se identificar, relatou suas dificuldades. “Quase não estamos conseguindo comprar farinha. O que chega aos supermercados é controlado para a venda individual e as remessas para o comércio têm demorado a chegar e, quando chegam, são insuficientes para atender todos os comerciantes”.
Segundo a comerciante, não é possível comprar farinha em quantidade suficiente para a produção no mercado ilegal.
“Mesmo que tivesse a quantidade que precisamos seria impossível, porque o produto é contrabandeado ou vendido irregularmente, é caríssimo”, explica.
Ela disse que um problema é a falta de regularidade na chegada do produto.
“Não podemos nos planejar com uma produção feita de forma irregular e acabamos demitindo funcionários”, lamenta.
Em Caracas, comerciantes privados também reclamam de dificuldades em manter estoques de produtos, como remédios e alimentos da cesta básica, embora, com relação aos insumos para produção em padarias, por exemplo, não se note de forma tão nítida, quanto no interior.
Entretanto, os preços estão altos e são remarcados semanalmente.
Na capital, os moradores falam da dificuldade de comprar leite, café, açúcar, farinha, papel higiênico, carne e frango. Há problemas tanto na rede privada, quanto nos mercados estatais.
"Não é que não tem nada aqui. Eu compro no Mercal - mercado estatal subsidiado - e toda semana tem. Mas não chega em quantidade e temos que comprar pouco e enfrentar filas", conta a ambulante María del Rosario.
Com as dificuldades, na cidade também acontece a troca de mercadorias. O taxista Ángel Muñoz, 54 anos, disse que se acostumou a fazer permutas com vizinhos.
Ele disse que às vezes troca café por leite em pó e farinha de arepa.
“Esta semana, depois de quase um mês sem ter café em casa, trocamos meio quilo de leite em pó por café”.
Ángel ressaltou que está cansado da situação.
Ele conta que desde o início do governo de Hugo Chávez apoiava as mudanças implementadas por acreditar que a população mais pobre estava sendo amparada pelas políticas sociais do governo.
“Chávez redistribuiu a renda no país e fez com que gente muito pobre, que nem sequer comia, começasse a ter três refeições por dia. Isso não é propaganda política. De fato aconteceu”, comentou.