Venezuela é país mais próximo do calote no mundo
País já estava em recessão quando foi atingido pela queda do preço do petróleo; agora, investidores estão apostando que o risco de calote já passa dos 90%
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João Pedro Caleiro
Publicado em 12 de dezembro de 2014 às 14h53.
São Paulo - Se os números do mercado forem algum indicativo, a Venezuela caminha a passos largos em direção ao calote.
A taxa de referência dos títulos em dólar com vencimento em 2027 caíram nesta quinta-feira para 44 centavos, uma taxa não vista desde setembro de 1998.
O risco de calote do país calculado com base nos seguros da dívida teve uma pequena melhora ontem depois de atingir 93% na quarta-feira - o mais alto do mundo.
Os títulos da dívida da petrolífera PDVSA também nunca estiveram em um nível tão baixo desde que foram emitidos. As reservas estão em apenas US$ 21 bilhões - pior nível em mais de uma década e suficientes para cobrir menos da metade da dívida dos próximos 5 anos.
Cenário
O principal motivo da crise é o preço do petróleo , que caiu 40% desde junho e está no seu mais baixo nível desde 2009. O combustível é responsável por 96% do valor das exportações venezuelanas; outros grandes produtores como Rússia e Irã também já estão sofrendo as consequências do tombo.
Isso porque a Venezuela já não estava em uma situação confortável antes, com recessão econômica e inflação acima de 60% ao ano - uma das mais altas do mundo.
No começo de setembro, o ex-ministro do Planejamento Michael Hausman já dizia que não havia "razão moral" para o país continuar honrando os títulos da sua petrolífera ao mesmo tempo em que dava o calote na cadeia de importação.
A situação agrava a escassez de produtos no país, que atingiu até o implante no seio. Maduro chamou Hausman de "bandido" e ameaçou tomar medidas legais. De acordo com as últimas pesquisas, o presidente é aprovado por apenas um entre cada quatro venezuelanos.
Segundo os economistas Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff, a Venezuela é o país mais caloteiro do mundo. Um eventual novo default seria o 12º da história moderna do país.
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2 /12(Wikimedia Commons)
Desde 1975 | 4 calotes |
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Anos de calote | 1826, 1848 |
1860, 1865, 1892, 1898 | |
1983, 1990, 1995, 2004 |
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3 /12(GettyImages)
Desde 1975 | 3 calotes |
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Anos de calote | 1826, 1868, 1894, 1900 |
1906, 1914, 1929 | |
1982, 1999, 2008 |
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4 /12(Divulgação)
Desde 1975 | 5 calotes |
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Anos de calote | 1876, 1891 |
1915, 1933 | |
1983, 1985, 1987, 1990, 2003 |
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5 /12(CC / Arturo Sotillo / Flickr.com/whappen)
Desde 1975 | 3 calotes |
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Anos de calote | 1828, 1874, 1895 |
1901, 1932, 1962 | |
1981, 1983, 1984 |
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6 /12(Dado Galdieri/Bloomberg)
Desde 1975 | 2 calotes |
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Anos de calote | 1898 |
1902, 1914, 1931, 1937 | |
1961, 1964, 1983, 1987 |
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7 /12(Naxsquire/WikimediaCommons)
Desde 1975 | 1 calote |
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Anos de calote | 1826, 1880, 1931 |
1961, 1963, 1966 | |
1972, 1974. 1983 |
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8 /12(Getty Images)
Desde 1975 | 4 calotes |
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Anos de calote | 1827, 1890 |
1951, 1956 | |
1982, 1989, 2001, 2014 |
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9 /12(Wikimedia Commons)
Desde 1975 | 4 calotes |
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Anos de calote | 1826, 1876 |
1931, 1969 | |
1976, 1978, 1980, 1984 |
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10 /12(Alex Covarrubias/Creative Commons)
Desde 1975 | 1 calote |
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Anos de calote | 1827, 1833, 1844 |
1866, 1898 | |
1914, 1928, 1982 |
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11 /12(GettyImages)
Desde 1975 | 1 calote |
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Anos de calote | 1876, 1915, 1931 |
1940, 1978, 1982 |
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12 /12(Flickr/freedomiiphotography)