Jaguara: os vencedores ofertaram o maior valor de notificação pela outorga, respeitado o valor mínimo para cada usina (Cemig/Divulgação)
Reuters
Publicado em 27 de setembro de 2017 às 11h31.
Última atualização em 27 de setembro de 2017 às 14h03.
São Paulo - A chinesa State Power Investment Corp.(SPIC), a francesa Engie e a italiana Enel venceram o leilão da concessão de quatro hidrelétricas promovido pelo governo federal nesta quarta-feira, com pagamento de bônus de outorga à União em troca dos ativos no valor total de 12,13 bilhões de reais, o que representou um ágio de 9,73 por cento ante o valor inicial.
O resultado foi considerado um grande sucesso por representantes do governo e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), assim como pelas empresas, que se disseram empolgadas com os negócios fechados no certame.
Em sua conta no Twitter, o presidente Michel Temer afirmou que o resultado do leilão ficou acima da expectativa do mercado e mostrou que o país recuperou a confiança.
O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, seguiu na mesma linha, afirmando que o leilão foi satisfatório e que é uma demonstração de confiança na economia brasileira.
"Resultado do leilão reforça que governo tem adotado projeções seguras a respeito das receitas", afirmou Oliveira, no Twitter.
A chinesa SPIC ficou com a maior usina do leilão, de São Simão, com uma oferta de 7,18 bilhões de reais, ou 6,5 por cento acima do preço mínimo definido para o empreendimento, que não atraiu outros lances.
A presidente da Pacific Hydro, controlada da SPIC no Brasil, Adriana Waltrick, disse que a participação no leilão mostra o comprometimento da empresa em investir no Brasil e a confiança nas instituições brasileiras, que a levou a entrar na concorrência mesmo em meio aos questionamentos judiciais da Cemig, que tentava manter as usinas após o vencimento dos contratos.
A Engie ficou com as hidrelétricas de Jaguara e Miranda, após lances de 2,17 bilhões de reais e 1,36 bilhão de reais, nos maiores ágios do leilão, de 13,59 por cento e 22,43 por cento, respectivamente.
O diretor de Desenvolvimento de Negócios da Engie, Gustavo Labanca, também disse que a companhia tem forte interesse em seguir investindo em ativos de energia no país. Segundo ele, a geradora esteve em contato com bancos e avalia ainda emitir debêntures ou notas promissórias para financiar as compras.
"A gente tem uma capacidade grande de tomar novas dívidas, a empresa está com alavancagem muito baixa", disse ele a jornalistas na coletiva de imprensa.
A italiana Enel, que chegou a apresentar ofertas, mas foi derrotada pela Engie em Jaguara e Miranda, ficou com o último empreendimento licitado, a usina de Volta Grande. A empresa ofereceu 1,419 bilhão de reais pelo ativo, ágio de 9,85 por cento.
Antes do leilão, a Cemig tentou sem sucesso fechar um acordo com o governo para manter ao menos uma das usinas, além de ter buscado decisões judiciais para suspender a licitação e promovido campanhas publicitárias.
Nesta quarta-feira, representantes de sindicatos de trabalhadores do setor elétrico e alguns funcionários da Cemig protestavam contra o leilão. Alguns deles chegaram a entrar na sala onde acontecia uma coletiva de imprensa com autoridades, pegando o microfone para reclamar da venda das usinas que pertenciam à empresa.
As usinas oferecidas no leilão desta quarta-feira somam 2,9 gigawatts em capacidade instalada. Os contratos com os novos operadores serão válidos por 30 anos, e o pagamento dos bônus de outorga está previsto para até 30 de novembro.