Economia

Usinas antecipam moagem por aperto financeiro

Empresas estão buscado buscando fazer caixa e aproveitar os bons preços do etanol no mercado interno atualmente


	Um trabalhador corta cana para a produção de açúcar e etanol na usina de São Martinho em Pradópolis, interior de São Paulo
 (Rickey Rogers/Reuters)

Um trabalhador corta cana para a produção de açúcar e etanol na usina de São Martinho em Pradópolis, interior de São Paulo (Rickey Rogers/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 13 de março de 2014 às 16h29.

São Paulo - As usinas do centro-sul do Brasil anteciparam o início da moagem na safra de cana 2014/15, devido a dificuldades financeiras, com as empresas buscando fazer caixa e aproveitando os bons preços do etanol no mercado interno atualmente.

O diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, disse que "muitas" usinas já iniciaram a moagem, que começa oficialmente em 1º de abril no centro-sul.

"A situação financeira está levando a maior parte das empresas à antecipação de safra. Primeiro pela necessidade de fazer caixa e, segundo, porque os preços do etanol estão atrativos neste momento em que a oferta está muito aquém da demanda", disse ele em entrevista à Reuters.

O etanol hidratado no Estado de São Paulo superou 1,40 real por litro (em média na usina) nas últimas semanas, sendo negociado no maior valor desde abril de 2011 em termos nominais, segundo informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP.

A alta no preço ocorre porque a maioria das usinas ainda está parada, na entressafra de cana.

Mas a Unica estima que até o final de março ao menos 40 usinas já terão começado a moagem, das pouco mais de 300 unidades em atividade na região, que responde por cerca de 90 por cento da produção de cana do Brasil.

Tradicionalmente, no início da safra as usinas dão preferência ao etanol, em detrimento da produção de açúcar, por questões industriais.

Safra Afetada

A Unica avalia que a safra de cana 14/15 foi prejudicada pela estiagem que afetou as principais regiões produtoras nos últimos meses, o que terá repercussões nas importações de gasolina, que tendem a crescer, uma vez que a produção de etanol deverá ficar estagnada.


A entidade ainda não divulgou estimativas detalhadas para a safra, mas uma avaliação inicial indica que a região deve, no máximo, repetir o desempenho do ciclo anterior.

A moagem no centro-sul em 2013/14 ficou em 596 milhões de toneladas de cana, um aumento de quase 60 milhões de toneladas ante 2012/13. Esse volume adicional foi destinado basicamente à produção de etanol, um cenário de aumento que não se repete este ano, por conta do clima adverso.

No ciclo 13/14, o centro-sul produziu 25,5 bilhões de litros, quase 20 por cento maior ante a temporada anterior.

Este incremento na oferta de etanol contribuiu para que o Brasil reduzisse as importações de gasolina no ano passado em cerca de 1,1 bilhão de litros, estimou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) na véspera.

Comentando ainda previsão da ANP sobre o crescimento no consumo de combustíveis em 2014, o executivo ponderou que o esperado aumento da demanda deverá ser coberto por duas formas: por uma redução das exportações de etanol e aumento das importações de gasolina.

"O que, de fato, influenciará na oferta de etanol neste ano? No fundo, é a redução das exportações", disse Padua. "Vai acontecer este ano o inverso do ano passado: vai aumentar outra vez a demanda por gasolina e, provavelmente, a Petrobras precisará voltar a importar gasolina."

No ano passado, o Brasil exportou 2,5 bilhões de litros de etanol. Estimativas de mercado apontam uma queda de 600 milhões a 1 bilhão de litros, em função da maior disponibilidade de etanol de milho nos EUA, para onde se destina a maior parte das exportações brasileiras.

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