Número de turistas no Uruguai equivale à própria população
Participação do turismo no PIB uruguaio foi de 3,1% para 7% em apenas 6 anos
João Pedro Caleiro
Publicado em 3 de setembro de 2013 às 12h17.
São Paulo - O Uruguai tem 3,2 milhões de habitantes - e recebe a mesma quantidade de turistas. É como se um contingente equivalente à própria população do país cruzasse a fronteira todo ano.
O país está em terceiro lugar no ranking mundial da relação entre turistas e população, atrás apenas da França e da Espanha. Não foi sempre assim: depois de atingir um pico em 1997, o turismo no país havia caído progressivamente até 2002, quando aconteceu uma nova virada.
De 2000 para 2011, a geração de riquezas pelo setor foi de US$ 610,5 milhões para US$ 2,18 bilhões - um crescimento de 46%. O turismo representa hoje 7% do PIB do país, mais do que o dobro que em 2006, quando estava em 3,1%.
A explosão do setor pode ser atribuída em parte a algumas medidas do governo, como a devolução para o turista de parte dos impostos pagos em produtos no país e incentivos fiscais para desonerar a iniciativa privada. Só de 2010 para 2012, o investimento direto no turismo no Uruguai foi de US$ 187,9 milhões para US$ 310 milhões por ano.
Evento
É para explicar como o país conseguiu esses resultados - e aumentar ainda mais o fluxo - que o Subsecretário do Ministério do Turismo e Esportes do Uruguai, Antonio Carámbula, desembarca amanhã no Brasil. Ele vai participar na quarta-feira da 41º Feira de Turismo das Américas, o maior evento do tipo na América Latina, organizada pela ABAV (Associação Brasileira das Agências de Viagens).
Antonio deve conversar com operadoras, agências, órgãos públicos e imprensa. O interesse não é acidental: os viajantes brasileiros são os maiores gastadores no Uruguai. O valor desembolsado, de 148,9 dólares por dia, equivale a cerca de duas vezes a média do nosso turista no exterior. Só em 2011, os brasileiros deixaram US$ 318,3 milhões no Uruguai, ou 14,2% do total do setor por lá.
Política
Além dos cassinos de Punta del Este e dos cafés e alfajores de Montevidéu, o Uruguai também tem chamado a atenção do mundo por algumas particularidades da sua política. No poder desde 2010, o presidente José Pepe Mujica tem 78 anos e é conhecido por seu estilo modesto: dirige um Fusca, não tem conta em banco, mora em um sítio e doa 90% do seu salário para instituições de caridade.
Tradicionalmente mais progressista do que seus vizinhos, o Uruguai descriminalizou o aborto em outubro de 2012 e regulamentou o casamento gay em abril deste ano. No início de agosto, a Câmara dos Deputados do país deu sinal verde para o projeto que pode transformar o Uruguai no primeiro país do mundo em que o Estado controla o cultivo e a venda de maconha. Falta agora a aprovação no Senado e a sanção de Mujica: um dos maiores entusiastas da ideia, ele promete restrições para não estimular o "narcoturismo".
São Paulo - O Uruguai tem 3,2 milhões de habitantes - e recebe a mesma quantidade de turistas. É como se um contingente equivalente à própria população do país cruzasse a fronteira todo ano.
O país está em terceiro lugar no ranking mundial da relação entre turistas e população, atrás apenas da França e da Espanha. Não foi sempre assim: depois de atingir um pico em 1997, o turismo no país havia caído progressivamente até 2002, quando aconteceu uma nova virada.
De 2000 para 2011, a geração de riquezas pelo setor foi de US$ 610,5 milhões para US$ 2,18 bilhões - um crescimento de 46%. O turismo representa hoje 7% do PIB do país, mais do que o dobro que em 2006, quando estava em 3,1%.
A explosão do setor pode ser atribuída em parte a algumas medidas do governo, como a devolução para o turista de parte dos impostos pagos em produtos no país e incentivos fiscais para desonerar a iniciativa privada. Só de 2010 para 2012, o investimento direto no turismo no Uruguai foi de US$ 187,9 milhões para US$ 310 milhões por ano.
Evento
É para explicar como o país conseguiu esses resultados - e aumentar ainda mais o fluxo - que o Subsecretário do Ministério do Turismo e Esportes do Uruguai, Antonio Carámbula, desembarca amanhã no Brasil. Ele vai participar na quarta-feira da 41º Feira de Turismo das Américas, o maior evento do tipo na América Latina, organizada pela ABAV (Associação Brasileira das Agências de Viagens).
Antonio deve conversar com operadoras, agências, órgãos públicos e imprensa. O interesse não é acidental: os viajantes brasileiros são os maiores gastadores no Uruguai. O valor desembolsado, de 148,9 dólares por dia, equivale a cerca de duas vezes a média do nosso turista no exterior. Só em 2011, os brasileiros deixaram US$ 318,3 milhões no Uruguai, ou 14,2% do total do setor por lá.
Política
Além dos cassinos de Punta del Este e dos cafés e alfajores de Montevidéu, o Uruguai também tem chamado a atenção do mundo por algumas particularidades da sua política. No poder desde 2010, o presidente José Pepe Mujica tem 78 anos e é conhecido por seu estilo modesto: dirige um Fusca, não tem conta em banco, mora em um sítio e doa 90% do seu salário para instituições de caridade.
Tradicionalmente mais progressista do que seus vizinhos, o Uruguai descriminalizou o aborto em outubro de 2012 e regulamentou o casamento gay em abril deste ano. No início de agosto, a Câmara dos Deputados do país deu sinal verde para o projeto que pode transformar o Uruguai no primeiro país do mundo em que o Estado controla o cultivo e a venda de maconha. Falta agora a aprovação no Senado e a sanção de Mujica: um dos maiores entusiastas da ideia, ele promete restrições para não estimular o "narcoturismo".