Economia

União Europeia impõe restrições às importações de aço brasileiro

Importações de aço ficarão sujeitas a uma cota até julho de 2021. O volume que ultrapassar o teto será taxado em 25%; Itamaraty disse que vai atuar

Bandeira da União Europeia em Bruxelas, na Bélgica 
20/06/2018 
REUTERS/Yves Herman (Yves Herman/Reuters)

Bandeira da União Europeia em Bruxelas, na Bélgica 20/06/2018 REUTERS/Yves Herman (Yves Herman/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de janeiro de 2019 às 21h58.

Última atualização em 17 de janeiro de 2019 às 08h03.

Genebra - Os países da União Europeia decidiram na quarta, 16, impor novas barreiras contra o aço brasileiro e de outros países, em linha com o que já fez o presidente norte-americano Donald Trump. Todas as importações de aço ficarão sujeitas a uma cota até julho de 2021. O volume que ultrapassar o teto será taxado em 25%. Os países da União Europeia respondem por 18% das exportações brasileiras de aço.

O bloco já havia instituído provisoriamente medidas de "salvaguarda" sobre as importações de produtos siderúrgicos em julho do ano passado, com prazo até 4 de fevereiro. As medidas agora serão ampliadas. Em Genebra, diversos governos já falam em uma ação conjunta na Organização Mundial do Comércio contra Bruxelas.

A medida, segundo os europeus, é uma resposta ao fluxo de produtos siderúrgicos que passou a inundar o mercado local depois que o governo Trump decidiu erguer barreiras ao aço mundial. Com isso, dizem os europeus, a produção que teria o mercado americano como destino foi redirecionada para a Europa.

O Brasil exportou em 2018, 14 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos, o que equivale a US$ 8,9 bilhões. Desse total, 2,1 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos foram exportados para a União Europeia, cerca de US$ 1,4 bilhão.

Pela proposta da Comissão Europeia, um total de 26 produtos siderúrgicos seriam taxados. A China sofrerá restrições em 16 produtos diferentes, contra 17 da Turquia e 15 da Índia. No caso do Brasil, sete produtos dos 26 possíveis serão alvos de barreira, entre eles chapas, lâminas e certos tubos.

"Tentamos conseguir um equilíbrio entre os interesses dos produtores europeus de aço e seus usuários", diz a nota da UE. O bloco também insistiu que não visou qualquer país em específico.

Para o Brasil, a cota oferecida para laminados, por exemplo, começará com 168 mil toneladas e, em três anos, passaria para 176 mil toneladas. Ucrânia e Coreia terão uma cota maior, com base em sua participação no mercado.

No setor de folhas metálicas, a cota ao Brasil é de cerca de 50 mil toneladas, enquanto a China ganhará uma cota de mais de 400 mil toneladas. Tudo o que passar desses volumes receberá uma taxa extra de 25%, o que praticamente inviabilizaria a exportação nacional.

Entre 2013 e 2018, os europeus alegam que os produtos importados passaram de uma fatia de 12% do mercado local para 18%. Em volume, a importação praticamente dobrou.

Diplomatas brasileiros confirmaram que estão em negociações com a Comissão para tentar excluir um ou dois produtos.

Resistência. Nem todos na UE, porém, estão satisfeitos com a medida. Numa carta enviada ainda no início do processo de investigação, no ano passado, indústrias europeias que usam aço alertaram que a imposição de novas barreiras "não era de interesse da Europa". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:acoUnião Europeia

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor