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UE acredita que dúvidas sobre o euro estejam dissipadas

O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, assegurou: "O pior deixamos para trás", em uma declaração está madrugada ao término do primeiro dia de debates

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso: para os analistas da Barclays, a cúpula "foi inclusive mais decepcionante do que antecipado" (John Macdougall/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 14 de dezembro de 2012 às 17h04.

Bruxelas - Os líderes da União Europeia (UE) asseguraram nesta sexta-feira que dissiparam as dúvidas sobre a moeda única e que se pode abrir um novo capítulo sobre a transformação a longo prazo da zona do euro, mas analistas e eurodeputados se mostraram decepcionados pela falta de ambição e o adiamento de um calendário até junho do ano que vem.

O presidente da Comissão Europeia (órgão executivo da UE), José Manuel Durão Barroso, afirmou que todos os que questionaram a sobrevivência do euro se equivocaram, já que a UE enfrenta a crise e "tem uma visão a longo prazo para a União".

O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, assegurou: "O pior deixamos para trás", em uma declaração está madrugada ao término do primeiro dia de debates.

Mais taxativo se mostrou o presidente da França, François Hollande, ao assegurar que a UE conseguiu "virar a página" para a crise do euro e terminou com as dúvidas sobre o futuro da moeda única e de seus membros, após a reformulação do resgate à Grécia e o acordo sobre o marco legal do supervisor bancário único.

Para o presidente francês, esta cúpula representa o "fim de um período" no qual foram enfrentados os "problemas que atormentaram e inclusive desorganizaram a UE com uma crise histórica", o que permitirá à Europa centrar sua atenção no crescimento e no emprego.

"Tudo está regulado? Não. O que é que não foi solucionado? O desemprego, o débil crescimento, por não dizer a recessão em certos países", assinalou Hollande, ao mesmo tempo em que se mostrou confiante que o impulso da economia seja a grande prioridade europeia em 2013.


Ao contrário, a chanceler alemã, Angela Merkel, foi muito mais cautelosa em sua análise.

Ela admitiu que a Europa avançou, mas insistiu que não pode "retroceder em seus esforços" para realizar reformas estruturais.

Esse processo de transformação, advertiu, é "muito, muito difícil e doloroso" e as medidas que são tomadas para sanar a falta de disciplina fiscal durante anos e a perda de competitividade serão notadas só muito tempo depois.

Merkel também comemorou que os líderes tenham agora uma visão a longo prazo da futura união econômica e monetária (UEM), a qual será implementada "passo a passo".

Mas nem todos conseguiram disfarçar sua decepção sobre as conclusões aprovadas durante a cúpula com o sucesso de dois importantes acordos nos dias anteriores à cúpula: o supervisor bancário e o próximo desembolso de ajuda à Grécia após o bem-sucedido programa de recompra de dívida grega.

O primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, lamentou a "insuficiente" aceitação das propostas contidas no relatório elaborado por ele junto a Van Rompuy, Barroso e o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi.

As conclusões aprovadas pelos 27 países não mencionam vários pontos-chave dessa proposta, como os eurobonos, um sistema comum de garantias de depósitos ou um fundo de amortização de dívida.

Os 27 encarregaram a Van Rompuy que apresente em junho um roteiro com um calendário sobre a coordenação das reformas nacionais, as dimensões sociais da UEM, as modalidades dos contratos individuais para promover a competitividade e o crescimento e o "mecanismo de solidariedade" que incentivaria com ajudas o esforço reformista.


"Os quatro presidentes (...) tinham apresentado propostas que superavam claramente a ambição de alguns países", disse Juncker, que argumentou: "Éramos ambiciosos demais".

No entanto, Juncker pediu que não sejam esquecidas as propostas e que as conclusões de hoje sejam tomadas como um "caminho" rumo a esses objetivos.

Tanto analistas como eurodeputados criticaram justamente esta falta de ambição.

Na opinião do líder da Aliança dos Liberais e Democratas Europeus, Guy Verhofstadt, faltou ambição à cúpula. "Em junho passado, o Conselho decidiu que no final de ano haveria um roteiro vinculado a um calendário" e encarregaram os quatro presidentes de um relatório, quando agora adiam as discussões mais outros seis meses.

Para os analistas da Barclays, a cúpula "foi inclusive mais decepcionante do que antecipado", porque os líderes "frustraram" as propostas dos quatro presidentes.

"Foram enterradas algumas propostas, pelo menos por enquanto, e achamos que o resultado final carece de uma clara estratégia para a reforma institucional da zona do euro", assinalou a companhia, que falou inclusive em um "fracasso".

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Bruxelas - Os líderes da União Europeia (UE) asseguraram nesta sexta-feira que dissiparam as dúvidas sobre a moeda única e que se pode abrir um novo capítulo sobre a transformação a longo prazo da zona do euro, mas analistas e eurodeputados se mostraram decepcionados pela falta de ambição e o adiamento de um calendário até junho do ano que vem.

O presidente da Comissão Europeia (órgão executivo da UE), José Manuel Durão Barroso, afirmou que todos os que questionaram a sobrevivência do euro se equivocaram, já que a UE enfrenta a crise e "tem uma visão a longo prazo para a União".

O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, assegurou: "O pior deixamos para trás", em uma declaração está madrugada ao término do primeiro dia de debates.

Mais taxativo se mostrou o presidente da França, François Hollande, ao assegurar que a UE conseguiu "virar a página" para a crise do euro e terminou com as dúvidas sobre o futuro da moeda única e de seus membros, após a reformulação do resgate à Grécia e o acordo sobre o marco legal do supervisor bancário único.

Para o presidente francês, esta cúpula representa o "fim de um período" no qual foram enfrentados os "problemas que atormentaram e inclusive desorganizaram a UE com uma crise histórica", o que permitirá à Europa centrar sua atenção no crescimento e no emprego.

"Tudo está regulado? Não. O que é que não foi solucionado? O desemprego, o débil crescimento, por não dizer a recessão em certos países", assinalou Hollande, ao mesmo tempo em que se mostrou confiante que o impulso da economia seja a grande prioridade europeia em 2013.


Ao contrário, a chanceler alemã, Angela Merkel, foi muito mais cautelosa em sua análise.

Ela admitiu que a Europa avançou, mas insistiu que não pode "retroceder em seus esforços" para realizar reformas estruturais.

Esse processo de transformação, advertiu, é "muito, muito difícil e doloroso" e as medidas que são tomadas para sanar a falta de disciplina fiscal durante anos e a perda de competitividade serão notadas só muito tempo depois.

Merkel também comemorou que os líderes tenham agora uma visão a longo prazo da futura união econômica e monetária (UEM), a qual será implementada "passo a passo".

Mas nem todos conseguiram disfarçar sua decepção sobre as conclusões aprovadas durante a cúpula com o sucesso de dois importantes acordos nos dias anteriores à cúpula: o supervisor bancário e o próximo desembolso de ajuda à Grécia após o bem-sucedido programa de recompra de dívida grega.

O primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, lamentou a "insuficiente" aceitação das propostas contidas no relatório elaborado por ele junto a Van Rompuy, Barroso e o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi.

As conclusões aprovadas pelos 27 países não mencionam vários pontos-chave dessa proposta, como os eurobonos, um sistema comum de garantias de depósitos ou um fundo de amortização de dívida.

Os 27 encarregaram a Van Rompuy que apresente em junho um roteiro com um calendário sobre a coordenação das reformas nacionais, as dimensões sociais da UEM, as modalidades dos contratos individuais para promover a competitividade e o crescimento e o "mecanismo de solidariedade" que incentivaria com ajudas o esforço reformista.


"Os quatro presidentes (...) tinham apresentado propostas que superavam claramente a ambição de alguns países", disse Juncker, que argumentou: "Éramos ambiciosos demais".

No entanto, Juncker pediu que não sejam esquecidas as propostas e que as conclusões de hoje sejam tomadas como um "caminho" rumo a esses objetivos.

Tanto analistas como eurodeputados criticaram justamente esta falta de ambição.

Na opinião do líder da Aliança dos Liberais e Democratas Europeus, Guy Verhofstadt, faltou ambição à cúpula. "Em junho passado, o Conselho decidiu que no final de ano haveria um roteiro vinculado a um calendário" e encarregaram os quatro presidentes de um relatório, quando agora adiam as discussões mais outros seis meses.

Para os analistas da Barclays, a cúpula "foi inclusive mais decepcionante do que antecipado", porque os líderes "frustraram" as propostas dos quatro presidentes.

"Foram enterradas algumas propostas, pelo menos por enquanto, e achamos que o resultado final carece de uma clara estratégia para a reforma institucional da zona do euro", assinalou a companhia, que falou inclusive em um "fracasso".

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