Economia

Uber entra na inflação de 2020, e IBGE usará robô para checar preços

Monitorar os preços dos aplicativos de transportes foi desafio para o IBGE; novo IPCA visa tornar o cálculo mais fiel aos hábitos do brasileiro

Uber: aplicativos de transporte terão um peso de 0,2% no cálculo do IPCA (Germano Lüders/Exame)

Uber: aplicativos de transporte terão um peso de 0,2% no cálculo do IPCA (Germano Lüders/Exame)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 10 de janeiro de 2020 às 13h02.

São Paulo — Com à inclusão de serviços de transporte por aplicativo nos cálculos da inflação de 2020, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) enfrentou o desafio de criar um monitoramento dinâmico, já que os preços de serviços com Uber variam conforme a cidade, horário e demanda. A solução foi criar uma espécie de robô, que monitora preços nos principais trajetos nas cidades analisadas.

Chamado de web-scrapping, o processo é o primeiro automático oficial de coleta de preços do IBGE. A tecnologia já era testada com os serviços de passagens aéreas, mas os dados coletados eram sempre comparados com os que os pesquisadores também encontravam manualmente. Agora, a coleta dos preços dos transportes por aplicativo será toda automática.

“Da nova lista de produtos e serviços que passaram a integrar o cálculo da inflação, o desafio foi acompanhar os preços dos aplicativos de transportes. Por isso, fizemos um robô que coleta dados de forma dinâmica. Definimos as áreas mais comuns e os trajetos mais utilizados nas cidades”, diz o gerente do Índice de Preços do IBGE, Pedro Kislanov.

Outros produtos e serviços que já têm acompanhamento online, mas de forma manual, também devem começar a ter os preços monitorados com robôs, de acordo com o gerente do instituto. Entre eles estão os livros, livros didáticos e perfumes.

Novo IPCA

Em outubro, o IBGE divulgou a nova ponderação que servirá como base para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2020. A primeira divulgação sob a nova ponderação será em fevereiro de 2020, referente a janeiro.

A atualização da lista tem a intenção de tornar os cálculos mais fiéis aos hábitos de consumo dos brasileiros.

Entre os novos produtos e serviços, também há vinho, assinatura de serviços de streaming, como Netflix e Spotify, e batata-doce. Além da inclusão desses itens, o IBGE também fez algumas exclusões, como assinaturas de jornais, aparelhos de DVD, máquina fotográfica e fotocópia, que perderam espaço para itens de uma economia em que a Internet é muito mais forte. 

As mudanças levam em consideração os pesos referentes à Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2008/2009, mais especificamente do mês de janeiro de 2009, com as contribuições atualizadas para a ponderação referente a janeiro de 2018, tendo como base as despesas monetárias das famílias captadas pela POF de 2017/2018.

Dentro da nova lista de 377 itens da inflação (ante 383 da lista anterior), os aplicativos de transporte terão um peso de 0,2% no cálculo. A gasolina, por exemplo, continua como a de maior relevância, com peso de 5,07%.

Inflação de 2019

A inflação de 2019, divulgada nesta sexta-feira (10) pelo IBGE, ainda não conta com a nova configuração do índice.

O IPCA do ano passado fechou em 4,31%, um pouco acima do centro da meta do governo, por conta da pressão feita pelos preços da carne, sobretudo nos últimos dois meses do ano. Em dezembro, a taxa foi de 1,15%.

O grupo Alimentação, que até agora tinha maior peso na composição do IPCA, perde o posto para o grupo Transportes em 2020. A primeira medição do ano, referente ao mês de janeiro, será divulgada em fevereiro.

Os Transportes vão passar a responder por 20,8% do índice, deixando Alimentação e bebidas com um peso de aproximadamente 19%.

Apesar disso, houve redução na representação de ambos os grupos, que era de 22,08% no caso de Alimentação e de 21,95% para Transportes.

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