Economia

Turbulência no mercado não muda política monetária, diz Mesquita

Nesta noite, o BC divulga a nova Selic, com amplas expectativas de que a taxa básica de juros será reduzida em 0,25 ponto percentual

BC: "A inflação está bem abaixo da meta, o ritmo de recuperação da economia parece estar se intensificando", disse Mesquita (Ueslei Marcelino/Reuters)

BC: "A inflação está bem abaixo da meta, o ritmo de recuperação da economia parece estar se intensificando", disse Mesquita (Ueslei Marcelino/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 7 de fevereiro de 2018 às 18h09.

São Paulo - O movimento recente de turbulência nos mercados financeiros mundiais, com destaque para as bolsas norte-americanas, não será suficiente para o Banco Central brasileiro alterar sua política monetária, disse nesta quarta-feira o economista-chefe do banco Itaú, Mario Mesquita, em entrevista à Reuters.

"A inflação está bem abaixo da meta, o ritmo de recuperação da economia parece estar se intensificando, tem espaço para flexibilização monetária adicional no Brasil", disse o economista. "Não consideramos que o movimento vai ser suficiente para o BC mudar."

Nesta noite, o BC divulga a nova Selic, com amplas expectativas de que a taxa básica de juros será reduzida em 0,25 ponto percentual, para novo patamar histórico de 6,75 por cento. O economista do Itaú mantém sua previsão de que outro corte de mesma magnitude será feito em março, apesar de a maioria dos agentes econômicos ver que a taxa será mantida no mês que vem.

Pesquisa Reuters mostrou nesta semana que o IPCA provavelmente terminou janeiro abaixo do piso da meta, com alta de 2,98 por cento no acumulado de 12 meses, pressionado pela queda dos preços de energia após um período de chuvas.

O BC tem como objetivo entregar ao fim do ano inflação de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

No médio prazo, no entanto, o eventual "aumento da incerteza externa e a não aprovação da reforma da Previdência não jogam a favor de juros mais baixos no Brasil", afirmou.

"Está muito difícil aprovar Previdência este ano, a visão dominante na classe política é que a reforma vai ficar para 2019", disse Mesquita.

Ele disse ainda que suas projeções econômicas têm como base a continuidade da política econômica, independentemente de quem seja eleito neste ano. Mas ressaltou que o quadro eleitoral ainda está muito incerto e que a situação estará mais clara em abril.

Temporário

Segundo ele, a forte queda dos mercados acionários nos Estados Unidos foi um evento "temporário e limitado".

"Óbvio que a gente está avaliando, mas o aumento de volatilidade está concentrado em alguns tipos de instrumentos financeiros, não foi generalizado", afirmou. "Não existem, por ora, grandes temores e preocupações."

Mesquita também avaliou que a cotação do dólar frente ao real não reagiu de forma tão intensa quanto outras moedas devido à situação de balanço de pagamentos bastante robusta no Brasil.

"Temos um financiamento externo confortável, com colchão de reservas bastante amplo que pode vir a ser usado", acrescentou.

O maior risco para a economia mundial no momento é eventual superaquecimento da economia norte-americana forçando um aumento abrupto e intenso das taxas básicas de juros, disse Mesquita.

Em sua avaliação, o Federal Reserve, banco central dos EUA, "tende a subir algo como três ou quatro vezes este ano", mas as taxas de juros tendem a terminar o ano "confortáveis, no padrão histórico".

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralEconomistasPolítica monetáriaSelicwall-street

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor