Economia

Trump mantém ameaça de tarifas sobre seus aliados

EUA enfrenta questões comerciais com União Europeia, México, Coreia do Sul e outros países

Presidente americano, Donald Trump: entraves comerciais com a União Europeia (Kevin Lamarque/Reuters)

Presidente americano, Donald Trump: entraves comerciais com a União Europeia (Kevin Lamarque/Reuters)

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AFP

Publicado em 28 de abril de 2018 às 16h49.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mantém sobre seus parceiros diplomáticos e comerciais a ameaça de impor tarifas às importações de aço e alumínio caso não obtenha uma série de concessões.

Vários países, entre eles Canadá, México, Coreia do Sul e os integrantes da União Europeia (UE) foram exonerados, até o momento, das taxas de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio estabelecidas pelos Estados Unidos em março, mas estas isenções expiram em 1º de maio e podem não ser renovadas.

Apesar de o alvo principal ser a China, a medida pode gerar uma guerra comercial entre Washington e numerosos países aliados, que ameaçam adotar sanções equivalentes em relação às exportações americanas.

Esta perspectiva tem forte influência sobre os mercados financeiros mundiais e a economia americana, já que numerosas empresas devem enfrentar o aumento dos custos ligados aos dois produtos.

O presidente Trump parece só prestar atenção ao déficit que seu país registra com muitos de seus sócios, inclusive a UE, como manifestou na sexta-feira na Casa Branca a chefe de governo alemã, Angela Merkel.

As exportações europeias de aço e alumínio para os Estados Unidos representaram 7,7 bilhões de dólares no ano passado e Trump afirmou na sexta-feira que o déficit comercial dos Estados Unidos com a UE supera os 150 bilhões de dólares, algo "injustificável".

Muitos economistas temem que Trump vise apenas uma solução a curto prazo, em vez de mudanças de base, especialmente se seu enfoque for somente a redução do déficit, o que pode ameaçar as relações comerciais saudáveis.

"Se for a única medida contemplada, isto pode ser resolvido com a compra de alguns aviões Boeing a mais, e não responderá às questões estruturais envolvendo a China ou o problema a longo prazo", assinalou Stephanie Segal, economista no Center for Strategic and International Studies de Washington.

Em sua recente visita aos EUA, o presidente francês, Emmanuel Macron, criticou o Congresso americano por permitir as medidas protecionistas adotada por Trump.

"Precisamos de um comércio livre e justo. Uma guerra comercial entre aliados não corresponde à nossa missão, à nossa história, aos nossos compromissos atuais em favor da segurança mundial".

Já Merkel se limitou a constatar que a decisão final sobre a manutenção das isenções "pertence ao presidente" americano, que estava a seu lado quando isto foi dito.

A UE já advertiu que responderá às eventuais tarifas com medidas equivalentes que devem atingir produtos emblemáticos como jeans, motos, pasta de amendoim e bourbon.

O principal assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, disse na quinta-feira que Washington está esperando concessões dos europeus, especialmente no setor automobilístico, antes de decidir se mantém as isenções.

"Estamos em uma situação perigosa", avaliou Mary Lovely, professora de economia da Universidade de Syracuse.

"Após a abertura da caixa de Pandora, será difícil protestar contra outros países" que usem argumentos similares.

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