Economia

Trabalho formal tem queda de 1,7% no Brasil

O número é estável em relação ao trimestre móvel anterior - de agosto a outubro de 2017

Empregos: os dados estão na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Marcello Casal Jr/Reprodução)

Empregos: os dados estão na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Marcello Casal Jr/Reprodução)

AB

Agência Brasil

Publicado em 28 de fevereiro de 2018 às 16h33.

O nível de formalidade no mercado está caindo e a quantidade de trabalhadores com carteira assinada chegou a 33,296 milhões no trimestre móvel terminado em janeiro de 2018. O número é estável em relação ao trimestre móvel anterior - de agosto a outubro de 2017 -, mas apresenta queda de 1,7% em relação ao período de novembro de 2016 a janeiro de 2017.

Os dados estão na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e foram divulgados hoje (28), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os números apontam estabilidade do desemprego na comparação trimestral, com taxa de 12,2% no trimestre móvel e 12,7 milhões de pessoas desocupadas no país.

Segundo o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, a estabilidade na taxa de desocupação do mercado de trabalho brasileiro é normal para o período por conta da sazonalidade referente às festas de fim de ano, quando ocorre a dispensa de trabalhadores temporários. Ele destaca que, na comparação anual, houve redução de 562 mil trabalhadores com carteira assinada, o que corresponde a 1,7%.

Carteira de trabalho

"Embora essa redução na carteira tenha acontecido, o percentual de trabalhadores perdendo a carteira assinada é inferior ao que estávamos observando nos trimestres anteriores. Isso nos leva a constatar que nós temos uma desaceleração na queda da carteira de trabalho assinada. Não temos ainda geração de carteira, mas temos desaceleração na queda", argumenta.

Azeredo explica que a baixa no número de trabalhadores com carteira assinada não é o recorde da série histórica, iniciada em 2012. A maior baixa ocorreu no trimestre móvel terminado em abril de 2017, com 33,286 milhões de pessoas. Essa diferença de 10 mil trabalhadores, segundo o coordenador, não é relevante estatisticamente. Ele salienta que, em três anos, foram perdidos 3,5 milhões de postos de trabalho com carteira assinada, número ainda não foi recuperado.

Com isso, Azeredo diz que houve um "avanço expressivo" da informalidade na comparação anual. "Ou seja, aumentou o número de pessoas trabalhando sem carteira no serviço doméstico, como trabalhador familiar auxiliar, como pequeno empregador e, o principal deles, que gerou aproximadamente um milhão de postos de trabalho, que são aquelas pessoas que trabalham como conta própria".

Trabalho por conta própria abrange 23,18 milhões de pessoas

O número de pessoas trabalhando por conta própria chegou ao maior nível da série histórica, passando de 22,19 milhões para 23,18 milhões, um aumento de 4,4%, o que corresponde a 986 mil pessoas. O empregado do setor privado sem carteira assinada teve acréscimo de 581 mil pessoas, ou 5,6%, chegando a 10,98 milhões de trabalhadores.

O trabalho doméstico aumentou 4,4%, com acréscimo de 267 mil pessoas, indo para 6,3 milhões. E o setor público teve acréscimo de 317 mil trabalhadores, o que corresponde a 2,9%, chegando a 11,3 milhões de pessoas.

Quanto aos setores da economia, houve crescimento de 5% nos empregos na indústria, de 6,4% em alojamento e alimentação e de 8,7% em outros serviços. Na outra ponta, a comparação anual apresentou queda de 4% da construção e de 3,9% na agricultura.

"Fazendo a comparação anual, tivemos o crescimento na indústria, isso é um ponto positivo, e fechamos o trimestre móvel com um número maior de pessoas trabalhando na indústria. Há mais pessoas trabalhando no [setor de] alojamento e alimentação, essa parte na informalidade. Agora, construção e agricultura fecham a comparação anual em baixa", explica Azeredo.

A massa de rendimento real habitual aumentou 3,6% em um ano, chegando a R$ 193,8 bilhões. De acordo com Azeredo, o aumento se deu pelo ingresso de 1,8 milhão de pessoas no mercado de trabalho, e não pelo aumento dos salários. O rendimento médio no país no trimestre foi de R$ 2.169, 1,6% a mais do que no mesmo período do ano passado.

O número de pessoas ocupadas no país ficou em 91,7 milhões, enquanto a força de trabalho conta com 104,4 milhões de pessoas. O total de pessoas em idade de trabalhar, considerando a condição de menor aprendiz a partir dos 14 anos, está em 169,1 milhões.

Expectativa sobre os resultados do Carnaval

Para Azeredo, os números geram uma expectativa para a influência da sazonalidade na próxima amostra, terminada em abril, que inclui fevereiro com o carnaval.

"Isso é um dado importante porque a gente precisa saber o que esse carnaval trouxe para a gente, além de bastante diversão, muita folia, muita gente viajando. Mas a gente tem que estar antenada agora no que esse carnaval traz para o mercado de trabalho, uma vez que essa festa movimenta um quantitativo expressivo do contingente de setores da atividade como o comércio, principalmente o ambulante, os serviços, hospedagem, alimentação, transporte", diz.

A Pnad Contínua é um estudo feito pelo IBGE que apresenta informações sobre o mercado de trabalho brasileiro a curto prazo. O levantamento é feito em 3.465 municípios, com uma amostra de 70 mil domicílios por mês e 211 mil no trimestre. Cada domicílio recebe a visita do pesquisador uma vez por trimestre, por três trimestres seguidos.

Acompanhe tudo sobre:Desempregoeconomia-brasileiraEmpregosReforma trabalhista

Mais de Economia

Com mais renda, brasileiro planeja gastar 34% a mais nas férias nesse verão

Participação do e-commerce tende a se expandir no longo prazo

Dívida pública federal cresce 1,85% em novembro e chega a R$ 7,2 trilhões

China lidera mercado logístico global pelo nono ano consecutivo