Economia

Tombini acertou ao não dar "carne aos leões", diz Delfim

Segundo o ex-ministro da Fazenda, o presidente do Banco Central fez bem em não vender dólar à vista, já que "grande parte da turbulência" do câmbio já passou


	O economista Delfim Netto: "se ele tivesse vendido dólares das reservas, dado carne aos leões, Tombini agora já teria sido comido", afirmou
 (Bia Parreiras/EXAME)

O economista Delfim Netto: "se ele tivesse vendido dólares das reservas, dado carne aos leões, Tombini agora já teria sido comido", afirmou (Bia Parreiras/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 5 de setembro de 2013 às 08h36.

São Paulo - O ex-ministro da Fazenda Delfim Netto afirmou ao Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado, que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, fez bem em não vender dólar à vista, pois "grande parte da turbulência" do câmbio no Brasil já passou.

"Se ele tivesse vendido dólares das reservas, dado carne aos leões, Tombini agora já teria sido comido", afirmou. "Com o mercado, você não pode piscar, senão ele te bota no bolso. Tombini agiu com muita perícia e tranquilidade para lidar com a volatilidade excessiva do mercado de câmbio", apontou Delfim. "Ele é uma autoridade com grande conhecimento técnico e aproveitou que nosso mercado futuro de dólar é muito desenvolvido para oferecer swaps."

Delfim afirmou que boa parte das incertezas no mercado de câmbio foi dirimida por causa de dois fatores: "a atuação firme do Banco Central, com estratégia clara" e a percepção do mercado de que vai ocorrer em breve a redução da compra de US$ 85 bilhões por mês de ativos financeiros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos).

Juros

O ex-ministro afirmou também não ver motivos para que, no Brasil, a taxa de juro real seja superior ao intervalo entre 2% e 2,5%. Nos próximos anos, como ele estima que a inflação média deve ficar ao redor de 4,5%, a taxa Selic de equilíbrio ficaria próxima a 8%. "Mas essa Selic de 8% deve ter flutuações de acordo com a demanda", afirmou, ressaltando que a taxa deve subir ou cair de acordo com o ritmo do nível de atividade do País.

"O suporte disso deve ser a política fiscal. Se há excesso de demanda, quem tem de contê-la é o governo. Se ele deixar para o setor privado cortar a demanda, tem de elevar os juros antes da hora", comentou. "E é essa a briga que o Tombini está fazendo com o governo agora."

Para ele, como o corte de gastos do Poder Executivo não ajuda o Banco Central a segurar a alta de preços, o presidente do BC precisa elevar a taxa Selic, como já vem ocorrendo desde abril. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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