Economia

Teto de gastos subirá R$ 7 bilhões com mudança no Fies

A mudança também aumentará o déficit primário do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central)

Teto de gastos: a diferença de R$ 7 bilhões será incluída nos gastos de 2016 (./Thinkstock)

Teto de gastos: a diferença de R$ 7 bilhões será incluída nos gastos de 2016 (./Thinkstock)

AB

Agência Brasil

Publicado em 18 de julho de 2017 às 18h28.

O teto de gastos federais para 2017 subirá R$ 7 bilhões por causa de uma mudança na forma de registrar despesas do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

A mudança também aumentará o déficit primário - resultado negativo das contas do governo sem o pagamento de juros da dívida pública - do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central), mas o impacto sobre o resultado primário só será divulgado no fim da semana, quando o governo divulgará a programação do Orçamento para este ano.

De acordo com a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, a nova contabilidade melhorará a transparência da execução do orçamento.

"Todo o ajuste será feito agora e estamos dando um passo importantíssimo em direção à transparência das contas públicas. Estamos pegando algo que era escondido e revelando dentro das estatísticas do Tesouro Nacional, mas era já mostrado pelo Banco Central", explicou.

Até agora, a concessão de financiamentos do Fies não impactava o resultado primário "acima da linha", apurado pelo Tesouro Nacional e que leva em conta a execução do Orçamento em tempo real, porque o programa era classificado no Orçamento como despesa financeira.

Os financiamentos, no entanto, apareciam nas estatísticas "abaixo da linha", registradas pelo Banco Central, que registram a variação de endividamento dos entes públicos e não sofreram mudanças no novo sistema.

Pela nova metodologia, os financiamentos concedidos sem o Fundo de Garantia de Operações de Crédito Estudantil, que cobre 90% dos calotes de mutuários inadimplentes, serão registrados nas estatísticas do Tesouro como a diferença entre os desembolsos pelos bancos e os pagamentos pelos mutuários.

Em relação aos financiamentos cobertos pelo fundo garantidor, 10% serão registrados como a diferença entre desembolsos e pagamentos.

Os 90% restantes com a garantia do fundo serão registrados da seguinte forma: volume de desembolsos multiplicado pela taxa média de inadimplência nas operações do Fies, que chegou a 16,4% no ano passado.

Em 2016, a diferença entre as estatísticas do Tesouro e do Banco Central chegou a R$ 8,94 bilhões. Com a nova metodologia, a diferença cairia em R$ 7,04 bilhões, para R$ 1,89 bilhão.

O déficit primário do Tesouro Nacional subiria de R$ 154,255 bilhões para R$ 161,298 bilhões.

A estimativa de impacto sobre o resultado primário para 2017 só será divulgada no Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, que será publicado pelo Ministério do Planejamento até sexta-feira (21).

Em relação ao teto de gastos, a diferença de R$ 7 bilhões será incluída nos gastos de 2016. Isso porque o limite de despesas deste ano equivale aos desembolsos do ano passado mais 7,2%.

Com a mudança, o limite para 2017 subiu de R$ 1,302 trilhão para R$ 1,309 trilhão.

A mudança de estatística aumentará o déficit primário do Governo Central e as novas despesas, esclareceu a secretária, Ana Paula Vescovi.

Como, no Fies, o estudante só paga os financiamentos depois de se formar, as despesas do programa antigo continuarão a impactar o resultado primário do Governo Central, mas em grau menor porque os programas estão vencendo.

A mudança, no entanto, não dificultará o cumprimento da meta de déficit de R$ 139 bilhões porque a Lei de Diretrizes Orçamentárias leva em conta as estatísticas do Banco Central.

Na nova versão do Fies, que entrará em vigor no próximo ano, o único impacto fiscal do programa serão os aportes do Ministério da Educação pelos próximos quatro anos no fundo garantidor do programa.

Os futuros financiamentos não afetarão o resultado primário porque o risco de calote será assumido pelas instituições de ensino e pelos bancos que operam as linhas de crédito.

Acompanhe tudo sobre:FiesGastosGoverno Temer

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor