Tesouro americano defende subsídios (e não empréstimos) para PMEs
Mnuchin afirmou que o governo ainda tem muita capacidade para seguir com estímulo como o ESF, um fundo de emergência raramente usado
Fabiane Stefano
Publicado em 20 de novembro de 2020 às 14h39.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, defendeu nesta sexta-feira sua decisão de encerrar em 31 de dezembro vários dos principais programas do Federal Reserve para empréstimos relacionados à pandemia, dizendo que o Congresso deveria usar o dinheiro para ajudar pequenas empresas norte-americanas com subsídios.
O chair do Fed (banco central dos EUA), Jerome Powell, e o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, criticaram a medida do Tesouro, dizendo que os programas --embora não tenham sido usados extensivamente-- forneceram um apoio importante para a economia.
Mnuchin disse a Powell em uma carta na quinta-feira que os 455 bilhões de dólares alocados ao Tesouro sob a Lei CARES na primavera passada (nos EUA) --grande parte desse volume reservada para apoiar empréstimos do Fed a empresas, organizações sem fins lucrativos e governos locais-- deveriam ser disponibilizados para realocação pelo Congresso.
Mnuchin disse, em entrevista à CNBC, que o Congresso sempre pretendeu que os programas de empréstimo terminassem em 31 de dezembro e procurou tranquilizar os mercados de que o Fed e o Tesouro tinham muitas ferramentas restantes para apoiar a economia.
"Os mercados deveriam estar muito confortáveis com o fato de que ainda temos capacidade suficiente", disse Mnuchin, acrescentando que o Tesouro poderia reativar os instrumentos recorrendo ao ESF, um fundo de emergência raramente usado e que fica baseado no departamento.
"Caso essas (ferramentas) precisem ser reativadas, temos mais de 800 bilhões de dólares de capacidade, então considero que é uma bazuca muito boa", disse ele. Os 800 bilhões de dólares estariam combinando o ESF e o capital dos instrumentos restantes do Federal Reserve.
Mnuchin negou que a medida visasse prejudicar o governo do presidente eleito, o democrata Joe Biden, que assumirá o cargo em 20 de janeiro.
"Não estamos tentando impedir nada", disse Mnuchin, acrescentando que seu departamento trabalhará em estreita colaboração com o próximo governo "se as coisas forem certificadas". O secretário disse que ele e o chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, conversariam com os líderes republicanos no Congresso na sexta-feira e redobrariam seus esforços para aprovar novas medidas de estímulo. "Queremos que o Congresso se reaproprie desse dinheiro", disse.