Terremoto limitará PIB do Chile até junho, prevê Goldman Sachs
Nova York - O terremoto no Chile vai abalar as expectativas econômicas para o país este ano, marcado por mudança no governo e pela saída da nação de uma profunda recessão, segundo relatório do Goldman Sachs disponível no blog do The Wall Street Journal. Após uma contração de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em […]
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h43.
Nova York - O terremoto no Chile vai abalar as expectativas econômicas para o país este ano, marcado por mudança no governo e pela saída da nação de uma profunda recessão, segundo relatório do Goldman Sachs disponível no blog do The Wall Street Journal.
Após uma contração de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009, o Banco Central esperava que o PIB chileno cresceria entre 4,5% e 5,5% este ano, mas as consequências do terremoto irão conter o crescimento nos dois primeiros trimestres, avalia o banco de investimentos.
"Em termos de atividade, o terremoto vai criar sérias rupturas por umas poucas semanas, que irão impactar negativamente o PIB durante o primeiro e segundo trimestres. Depois disso poderemos ver um salto extra na atividade ancorado nos esforços de reconstrução", avaliou o economista Alberto Ramos, do Goldman.
Os esforços para reconstruir os danos à infraestrutura do país irão provavelmente forçar a conservadora administração do presidente eleito Sebastian Piñera a aumentar os gastos fiscais, avaliou Ramos.
Orçamento fiscal apertado
Piñera, que assume a presidência da República do Chile em 11 de março, herda um orçamento fiscal apertado para 2010 e o seu futuro ministro das Finanças, Felipe Larrain, tem criticado o que eles chamaram, no ano passado, de gastos excessivos do governo que está de saída. Mas, no sábado, Piñera disse que ele pode alocar 2% de seu primeiro orçamento para pagar gastos de emergência.
Para impulsionar a economia, no ano passado o governo implementou um pacote de estímulo de US$ 4 bilhões, o equivalente a 2,8% do PIB, e provocou um déficit recorde de 4,5% do PIB em seus esforços anti-cíclicos.
Piñera provavelmente terá de aumentar os gastos "inicialmente para prover assistência emergencial e depois para financiar as atividades de reconstrução", disse Ramos. Felizmente, acrescentou, a sólida política fiscal do Chile, o baixo endividamento público de 6% do PIB, aproximadamente, e mais de US$ 11 bilhões acumulados em um fundo soberano mostram que o país pode destinar recursos para inflar os gastos.
Os esforços de reconstrução também irão valorizar o peso chileno, em relação ao dólar, com o aumento do fluxo de dólares proveniente da ajuda de agências internacionais e organizações multilaterais, notou Ramos. Enquanto o peso se valorizou 20% em relação ao dólar em 2009, nos primeiros dois meses de 2010 ele perdeu aproximadamente 6% com os administradores dos fundos de pensão trazendo grandes montantes de dólar para atender as novas exigências para os depósitos compulsórios.
No lado monetário, o tremor também irá reduzir o ritmo à medida que o Banco Central reduza os seus significativos estímulos monetários. No período de janeiro a julho de 2009, o banco cortou a taxa básica de juros para 0,5%, um recorde de baixa.
Inflação
Nos últimos meses, o Banco Central tem dito que não iria começar aumentar a taxa antes do segundo trimestre de 2010. Ramos, do Goldman, diz que, dependendo do tamanho do impacto do terremoto sobre a economia, o banco poderá atrasar o aperto monetário por um pouco mais de tempo.
"A inflação pode mostrar um pequeno aumento de preços, mas isso não deve ser a principal preocupação do Banco Central. O potencial choque de demanda ocasionado por pressões de preços podem ser revertidos quando a economia se normalizar", disse ele.
Segundo o Banco Central, a inflação chilena terminou o ano de 2009 em -1,4%. Para 2010, espera-se que o índice encerrará o ano em torno de 2,9%, quase em linha com o alvo de 3% do BC, um ponto porcentual para mais ou para menos. As informações são da Dow Jones.