Economia

Temer sugere que Bolsonaro use atual proposta de reforma da Previdência

"Tem a vantagem que já tramitou, seria só aprovar na Câmara e no Senado, em dois turnos", disse o presidente

Michel Temer: usar proposta facilitaria aprovação de mudança na idade mínima (Adriano Machado/Reuters)

Michel Temer: usar proposta facilitaria aprovação de mudança na idade mínima (Adriano Machado/Reuters)

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Reuters

Publicado em 6 de dezembro de 2018 às 15h54.

Brasília - O presidente Michel Temer defendeu nesta quinta-feira, 6, que se o interesse do novo governo é aprovar rapidamente a idade mínima, dentro da reforma da Previdência, o melhor caminho seria votar no Congresso a proposta apresentada pelo seu governo.

"Eu sugiro que se possa aprovar a nossa proposta. Já está prevista lá, seria muito útil. Tem a vantagem que já tramitou, seria só aprovar na Câmara e no Senado, em dois turnos", defendeu Temer.

Esta semana, o presidente eleito Jair Bolsonaro] afirmou que planeja enviar uma reforma "fatiada" e que sua prioridade seria aprovar a idade mínima. Admitiu, inclusive, adotar o texto que já está no Congresso.

Temer defende que sua proposta institui a idade mínima paulatinamente, em 20 anos até chegar a 62 anos para mulheres e 65 para homens, o que facilitaria a aprovação pela sociedade.

Temer disse mais uma vez que a reforma precisa ser feita e lembrou que "só se fala nisso" no novo governo.

Em uma primeira conversa de despedida com jornalistas, a 25 dias de passar a faixa a seu sucessor, o presidente analisou positivamente os passos tomados até agora por Bolsonaro e disse acreditar que seu governo vai dar certo e que ele terá uma "interlocução muito fértil" com o Congresso.

Ainda assim, ao analisar a relação que o presidente eleito está tentando construir com os parlamentares, sem passar por partidos, mas concentrando as relações nas frentes temáticas e nas bancadas, afirmou que indicações políticas não são necessariamente toma lá, dá cá, como tem criticado a equipe de Bolsonaro.

"Eu acho útil essa nova relação, mas não se pode desprezar o Congresso Nacional, que é fundamental. Ninguém melhor para fazer sugestões de cargos que a classe política. O que precisa é de um filtro", disse, lembrando a lei que adotou de exigir capacidade técnica para indicações em estatais.

Temer fez um balanço positivo de seu governo, mesmo admitindo que questões como as denúncias de corrupção que recaem contra ele, especialmente a causada pela delação do empresário Joesley Batista, e a greve de caminhoneiros este ano impediram resultados melhores. Temer chegou a dizer que a delação de Joesley foi uma "trama bem urdida" para que ele não aprovasse a reforma e outras propostas.

"Criou um problema de natureza pessoal para mim e institucional para o país", disse.

Ao ser perguntado se tinha algum arrependimento do seu tempo na Presidência, Temer garantiu que não.

"Eu fiz o que deveria fazer, fiz o melhor que achei para o país" afirmou. "Acho que serei recordado como alguém que pelo menos tentou por o país nos trilhos", afirmou.

Temer explicou que pretende se retirar da vida pública ao sair da Presidência e se dedicar à área jurídica, dar aulas ou fazer pareceres, mas que já fez todo o possível na vida pública. "Mas primeiro quero viver um pouco comigo mesmo", disse.

Questionado sobre os inquéritos a que responde, especialmente a investigação envolvendo o Porto de Santos, em que é acusado de receber propina para editar uma medida provisória favorável a uma empresa, afirmou ainda que não teme nenhum dos processos.

"Não tenho a menor preocupação com as denúncias. Qualquer mente jurídica mais apurada vai ver que são pífias", afirmou.

No entanto, revelou o incômodo com a situação. "No plano moral eu me sinto injustiçado. Politicamente não, estou acostumado. Mas no moral sim", disse, acrescentando que passou a sofrer uma campanha de oposição "feroz" assim que assumiu a Presidência da República.

Ao ser perguntado porque ele acha que tentaram derrubá-lo da Presidência, como acusa, respondeu: "Acho que as pessoas não vão com a minha cara."

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