Em seu discurso no evento de fevereiro, Zucman defendeu uma tributação mínima coordenada para os bilionários (Paulo Pinto/Agência Brasil)
Repórter colaborador
Publicado em 26 de junho de 2024 às 09h26.
Última atualização em 26 de junho de 2024 às 10h11.
A discussão sobre taxar grandes fortunas vem ganhando terreno nos últimos encontro do G20 (as maiores economias do mundo + a União Europeia). Depois da decisão histórica em 2021, quando mais de 130 países concordaram em aplicar um imposto mínimo comum de 15% sobre grandes empresas multinacionais, a questão sobre taxar bilionários volta à mesa de negociações.
Segundo relatório produzido pelo economista francês Gabriel Zucman, professor na universidade de Berkley, na Califórnia, um imposto de 2% sobre o patrimônio de 3 mil pessoas com mais de US$ 1 bilhão poderia arrecadar algo em torno de US$ 200 a US$ 250 bilhões por ano. Se esse imposto chegasse aos indivíduos com patrimônio superior a US$ 100 milhões, o saldo de arrecadação seria maior em US$ 100 a US$ 140 bilhões.
Zucman foi convidado pelos ministros das Finanças e presidentes dos Bancos Centrais do G20, durante encontro realizado em São Paulo em fevereiro deste ano, para realizar um estudo sobre a progressividade fiscal global.
Após a reunião, a presidência brasileira do G20 encomendou um relatório para detalhar a viabilidade da proposta. O relatório de Zucman foi divulgado nesta quarta-feira, como uma preparação para a reunião dos ministros das Finanças do G20 no Rio de Janeiro, que acontecerá em 25-26 de julho.
Em seu discurso no evento de fevereiro, Zucman defendeu uma tributação mínima coordenada para os bilionários, uma reforma baseada nos passos anteriores da cooperação internacional para resolver a questão da baixa tributação efetiva dos super-ricos.
Para o economista francês, discípulo de Thomas Piketty (uma das vozes mais conhecidas a respeito da tributação de riquezas), esse imposto sobre fortunas apoiaria políticas fiscais progressivas nacionais, melhorando a transparência sobre a riqueza do topo da pirâmide social, reduzindo os incentivos à evasão fiscal. Ou seja, os "paraísos fiscais" seriam mais difíceis de serem encontrados.
Estima-se que a atual taxa de imposto efetiva dos bilionários seja equivalente a 0,3% de sua riqueza.