Economia

Taxação do seguro-desemprego arrecada mais do que gera vagas, diz estudo

O IFI, do Senado, estima que valor obtido com contribuição seria maior que o custo com incentivos para jovens

Jovem: Programa Verde Amarelo reduz encargos de empresas que contratarem jovens de 18 a 29 anos que nunca tenham trabalhado com carteira assinada. (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)

Jovem: Programa Verde Amarelo reduz encargos de empresas que contratarem jovens de 18 a 29 anos que nunca tenham trabalhado com carteira assinada. (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 10 de dezembro de 2019 às 10h13.

Última atualização em 10 de dezembro de 2019 às 10h16.

Brasília — A taxação do seguro-desemprego proposta pelo governo para financiar os incentivos à contratação de jovens do Programa Verde Amarelo vai servir mais para reforçar o caixa do governo do que para gerar vagas. Estudo da Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado, mostra que a União arrecadaria R$ 12,7 bilhões em cinco anos com a medida — valor maior que o impacto de R$ 11,3 bilhões da desoneração prevista pelo pacote, no mesmo período.

O Programa Verde Amarelo reduz encargos de empresas que contratarem jovens de 18 a 29 anos que nunca tenham trabalhado com carteira assinada. Nesse tipo de contrato, empregadores ficam isentos de recolher contribuição previdenciária, salário-educação e contribuições para o Sistema S.

Além disso, o recolhimento para o FGTS é reduzido de 8% para 2%. Os benefícios são válidos apenas caso o remuneração seja de até 1,5 salário.

Como essas medidas resultam em perda de arrecadação, o governo decidiu criar uma contribuição de 7,5% sobre os benefícios do seguro-desemprego. A cobrança seria uma forma de compensar esse custo. Hoje, o auxílio pago aos desempregados não é taxado.O estudo da IFI chegou à conclusão que a medida não serve apenas para compensar os custos do programa, mas geraria um reforço na arrecadação. Para calcular esse impacto nas contas públicas, o órgão levou em consideração a contratação de 1,8 milhão de jovens na nova modalidade nos próximos três anos — projeção oficial do governo.

Caso essa meta não seja atingida, a diferença entre o potencial de arrecadação da medida e o custo seria ainda maior. De acordo com a estimativa da IFI, caso metade do objetivo fosse alcançado — ou seja, 900 mil vagas geradas —, a renúncia fiscal seria de R$ 5,7 bilhões. Como a taxação do seguro-desemprego é fixa, o governo embolsaria R$ 7 bilhões de arrecadação extra.

Na avaliação do diretor-executivo da IFI, Felipe Salto, há risco de que a medida seja mais arrecadatória. Ou seja, foque mais em reforçar o caixa do governo: "A MP é fiscalmente equilibrada, mas é possível que acabe tendo resultado mais arrecadatório do que no mercado de trabalho"

A contribuição sobre o seguro-desemprego é o ponto mais polêmico da medida provisória que criou o Programa Verde Amarelo. O texto está em análise no Congresso.

Acompanhe tudo sobre:EmpregosFGTSJovensSeguro-desemprego

Mais de Economia

Boletim Focus: mercado eleva estimativa de inflação para 2024 e 2025

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega