Economia

Taxa menor do couro é desvantagem comercial para o país, diz Braspelco

A taxa de exportação para o couro wet blue - pouco processado e com baixo preço no mercado internacional - usado sobretudo na fabricação de calçados, será mesmo reduzida de 9% para 7% nesta quinta-feira (15/01). A informação foi dada pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, nesta terça-feira (13/01), durante […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h39.

A taxa de exportação para o couro wet blue - pouco processado e com baixo preço no mercado internacional - usado sobretudo na fabricação de calçados, será mesmo reduzida de 9% para 7% nesta quinta-feira (15/01). A informação foi dada pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, nesta terça-feira (13/01), durante a cerimônia de abertura da Couro Moda 2004, feira anual do setor, em São Paulo.

A declaração do ministro foi recebida com indignação por executivos do setor de couro e de calçados presentes no evento. Para eles, a exportação do wet blue o couro sem tratamento - deveria ser desestimulada, já que trata-se de uma commodity. De janeiro a novembro do ano passado, a exportação de 11,8 milhões de peças de couro wet blue renderam ao país 371,7 milhões de dólares. No mesmo período, apenas 5,2 milhões de peças de couro acabado renderam 419, 8 milhões de dólares.

Desde o início de dezembro, o setor tem conversado com o governo para tentar reverter a medida, que afirmam ser prejudicial para a estratégia comercial do país. "Estamos indignados e não vamos aceitar isso passivamente", disse Arnaldo Frizzo Filho, presidente da Braspelco, maior exportadora brasileira de couro acabado. Segundo ele, o setor já conseguiu sensibilizar os governadores Aécio Neves, de Minas Gerais, Geraldo Alckmin, de São Paulo, Germano Rigotto, do Rio Grande do Sul, Marconi Perillo, de Goiás, e Paulo Souto, da Bahia. Ainda esta semana, o governador Zeca do PT, do Mato Grosso do Sul, também levará uma carta ao presidente e aos ministros Furlan e Roberto Rodrigues, da Agricultura, para tentar convencer o governo a mudar de idéia.

Na Couro Moda, encurralado e forçado a se manifestar, Furlan pediu que ninguém tentasse tirar o seu couro, já que a redução da taxação foi uma decisão da Câmara de Comércio Exterior (Camex), entidade formada por outros quatro ministérios, além do Desenvolvimento. "Por isso, ela deve ser respeitada", disse. Também presente, o vice-presidente da República, José Alencar, se manifestou contra a redução da taxa.

A taxa de exportação sobre o couro wet blue foi criada em 2000 e vem sendo renovada desde então. Depois de ser reduzida para 7% nesta quinta-feira, a Camex prevê que a taxa caia para 4% em 2005 e seja zerada até 2006. A medida de elevação do imposto, afirmam seus defensores, foi responsável por fazer o setor investir nos processos para beneficiamento do couro, que passou a ser exportado sem que seus produtores tivessem que pagar a taxa de 9% e por preços mais competitivos no mercado externo.

Uma peça de couro wet blue custa em média 30 dólares, contra 90 dólares da peça de couro acabado. "Com essa guinada vamos virar de novo um grande exportador de uma commodity e um pequeno exportador de produtos manufaturados", diz Frizzo, da Braspelco.

Frizzo afirma que o setor reconhece que taxar a exportação de um produto não é prática usual, mas que deve ser considerada no caso do wet blue. "A diminuição da taxa será comemorada na Rússia, Índia e Argentina, principais países concorrentes do Brasil no comércio internacional", diz ele. Segundo Frizzo, um fabricante russo paga cerca de 12 dólares para exportar uma peça de wet blue. Na Argentina, esse valor é de 9 dólares. Já na Índia, o governo proíbe a exportação do produto. "Por que então vamos ser o único inocente e reduzir ainda mais a nossa taxa de cerca de 2,70 dólares que já nos coloca em desvantagem?"

Os empresários do setor de calçados também afirmam que serão prejudicados pela medida, uma vez que seus concorrentes italianos e chineses comprarão a commodity brasileira para produzir sapatos e outros bens acabados destinados à exportação.

Para Frizzo, o fato do governo não ter chamado a cadeia produtiva do couro para discutir a questão, assim como vem fazendo com outros setores, também gerou desapontamento. "Furlan prometeu que o assunto seria tema de uma reunião do Fórum de Competitividade, mas ela não aconteceu", afirmou ele. "Como a medida foi muito discutida pelo governo de Fernando Henrique na época da sua criação, não esperávamos um comportamento desse por parte do governo Lula."

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