Economia

Taxa básica de juros subirá 0,5 ponto percentual, segundo analistas

Reunião do Copom deverá elevar a Selic para 18,25% ao ano nesta quarta-feira (19/1), a fim de acelerar a convergência da inflação para o centro da meta

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h31.

Não há dúvidas no mercado de que o Comitê de Política Monetária (Copom) elevará mais uma vez a taxa básica de juros (Selic) nesta quarta-feira (19/1). A maioria dos bancos aposta em um aumento de 0,5 ponto percentual, que levaria a Selic para 18,25% ao ano. A estimativa foi captada pelo último Relatório de Mercado do Banco Central, mas também é citada abertamente por diversas instituições financeiras e consultorias.

Segundo os analistas, embora a atividade econômica esteja desacelerando, a inflação está mais resistente do que se supunha. A Tendências Consultoria, por exemplo, lembra que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que baliza a meta de inflação do governo, encerrou dezembro com alta de 0,86%. Além disso, os núcleos da inflação apresentaram um desempenho incompatível com o centro da meta. Pelo método de médias aparadas, por exemplo, o núcleo do IPCA piorou em relação a novembro, passando de 0,62% para 0,67%, de acordo com a consultoria.

"Como a inflação corrente está muito alta, o Banco Central fica mais conservador", afirma Alexandre Lintz, estrategista-chefe do Banco BNP Paribas. Entre os sinais que merecem atenção da autoridade monetária, Lintz cita a queda de 1% do salário real dos brasileiros em novembro, detectada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Isso mostra que a inflação está acima do poder aquisitivo dos trabalhadores", diz Lintz.

O possível reajuste das tarifas do transporte em grandes centros urbanos, nos próximos meses, também deve pesar na decisão do Copom. A Tendências Consultoria destaca que, devido às eleições municipais do ano passado, quatro capitais deixaram de reajustar suas tarifas: São Paulo, Brasília, Goiânia e Salvador. Destas, São Paulo é a que apresenta a situação mais delicada, porque não revisa os preços do transporte desde janeiro de 2003.

Somente o reajuste em São Paulo já seria suficiente para atrapalhar bastante o Banco Central. "Se a tarifa do ônibus subir de 1,70 reais para 2,10 reais, estimamos um impacto no IPCA de 0,4 ponto percentual", afirma um economista que pediu para não ser identificado.

Sem necessidade

Alguns analistas, porém, afirmam que não há necessidade de aumentos tão acentuados da Selic. "Caberia à autoridade monetária fazer ajustes mais finos, ou seja, elevar os juros em 0,25 ponto percentual", afirma Alberto de Oliveira, gerente de Tesouraria do Banif Investment Banking.

Segundo Oliveira, a atividade industrial está freando. Além disso, a recuperação da renda não gerará uma inflação de demanda, neste ano, porque será voltada para o mercado interno, que é atendido por setores que apresentam elevada capacidade ociosa, como os setores de produtos semi e não duráveis.

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