Tabata Amaral: deputada fez críticas, por exemplo, às mudanças apresentadas pelo governo no benefício assistencial para idosos de baixa renda (Flávio Santana / Biofoto/Exame)
Estadão Conteúdo
Publicado em 7 de maio de 2019 às 11h22.
Última atualização em 7 de maio de 2019 às 16h49.
São Paulo - Integrante de um partido de oposição ao governo Jair Bolsonaro, a deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP) ganhou os holofotes ao contrariar o próprio partido e defender publicamente a necessidade de uma reforma da Previdência.
Autodeclarada progressista, ela afirmou ao 'Estadão/Broadcast' que sente "uma tristeza muito grande" ao ver deputados e partidos se posicionarem contra a reforma. Um deles é o próprio PDT, que fechou questão contra a proposta. "Eu não consigo entender. Quem é progressista, quem tem a luta social como algo do sangue mesmo, como que essas pessoas não se posicionam contra a desigualdade que é perpetuada pela Previdência?", disse.
Embora não esteja na Comissão Especial que analisará a partir de hoje o texto da reforma no Congresso, ela disse que trabalhará para esclarecer parlamentares e população sobre pontos bons e ruins da proposta.
Tabata fez críticas, por exemplo, às mudanças apresentadas pelo governo no benefício assistencial para idosos de baixa renda, o BPC, na aposentadoria rural, na aposentadoria de professores (cuja maior crítica da parlamentar é a ausência de uma valorização da carreira, a exemplo da proposta dos militares) e à falta de detalhes sobre o regime de capitalização que o governo quer criar para que os futuros trabalhadores tenham uma espécie de poupança individual para a aposentadoria.
Por outro lado, disse que o Congresso não pode se furtar diante da grave situação da Previdência, que deve ter um rombo superior a R$ 300 bilhões neste ano, considerando INSS e regime de servidores federais.
Para ela, a discussão sobre uma idade mínima, as alíquotas progressivas (que aumentam quanto maior é a renda do trabalhador) e o combate a privilégios nas aposentadorias de servidores vão na direção certa.
Ao admitir méritos na proposta, Tabata se coloca em um campo distinto ao do deputado Paulinho da Força (SD-SP), que descartou votar em proposta capaz de reeleger Bolsonaro. Ela classificou como "lamentável" colocar o cenário eleitoral como variável. "Espero que os deputados entendam o quão grave é a gente aprovar uma proposta injusta e o quão grave é não aprovar nenhuma proposta", disse.
Tabata é deputada de primeiro mandato e uma das fundadoras do Movimento Acredito, que pretende formar nova geração de lideranças políticas. Nascida na periferia de São Paulo, formou-se em Harvard, prestigiosa universidade americana. Foi a sexta deputada mais votada de São Paulo em 2018.
Já no Congresso, chamou a atenção ao travar duro debate com o ex-ministro da Educação Ricardo Vélez, criticando a falta de dados na audiência. E vem sendo alvo de críticas tanto da esquerda quanto da direita por não se denominar em nenhum dos campos e divergir com lideranças desses dois polos.
Embora sua principal bandeira seja a educação, ela disse que vem há dois anos estudando o tema da Previdência e critica o "debate raso". "Nossa Previdência leva dinheiro de quem tem menos para quem tem mais, perpetua desigualdades. Essa é a minha discordância com a esquerda", disse.
A falta de profundidade nas discussões também atinge, em sua visão, a trincheira dos governistas. Para ela, esses parlamentares aceitam medidas que podem ser injustas com trabalhadores para garantir a economia de R$ 1,2 trilhão em dez anos pretendida pelo governo.
Tabata já apresentou seis emendas sugerindo mudanças no texto e pretende apresentar outras três: "Não posso esperar de braços cruzados".