Stiglitz diz que "bagunça" de Greenspan pode levar EUA à recessão
Para o Prêmio Nobel de Economia, políticas equivocadas do ex-presidente do Fed estariam por trás da atual crise
Da Redação
Publicado em 19 de junho de 2012 às 13h46.
O economista Joseph Stiglitz, ganhador do Prêmio Nobel, disse hoje que os Estados Unidos podem entrar em recessão devido à "bagunça" na economia deixada pelo ex-presidente do Federal Reserve (o banco central americano) Alan Greenspan. Em Londres, Stiglitz se disse "pessimista" porque Greenspan "injetou muita liquidez na hora errada".
Entre os equívocos cometidos pelo ex-presidente do Fed, Stiglitz citou seu apoio ao plano do governo George W. Bush de cortar impostos e também políticas que teriam encorajado os americanos a tomar empréstimos pós-fixados para comprar imóveis. Com a queda de preço dos últimos meses, mais de 1 milhão de americanos podem perder suas casas por não terem dinheiro para honrar as hipotecas.
Alan Greenspan foi substituído por Ben Bernanke no ano passado, após quase duas décadas no comando do Fed. Se por um lado é considerado por boa parte dos investidores o maior responsável por uma das maiores eras de prosperidade da economia mundial, Greenspan também é muitas vezes criticado por ajudar demais o mercado em momentos de crise.
Durante a era Greenspan, foi bastante comum que o Fed baixasse as taxas de juros e aumentasse a liquidez do mercado quando havia retração de investimentos e desaceleração econômica. Para os críticos, a política do Fed embutia um "risco moral", já que acabava por evitar a quebradeira de empresários que houvessem tomado riscos demais. No longo prazo, dizem os críticos, essas medidas desestimulavam a cautela e favoreciam a formação de bolhas.
Para Stiglitz, com a crise das hipotecas se alastrando para o setor bancário, os EUA terão 50% de chances de entrar em recessão. Mesmo que isso seja evitado, o país deverá crescer bem menos que o potencial de 3% ao ano.
O próprio Greenspan admite a probabilidade de recessão nos EUA e acredita que haja bolha imobiliária em cerca de 30 países. No livro "A Era da Turbulência", lançado neste ano, entretanto, o ex-presidente do Fed justifica o apoio ao corte de impostos com os riscos de forte desaceleração econômica gerados pelos atentados de 11 de Setembro. Ele também atribui a prosperidade econômica e o aumento dos preços dos ativos em todo o mundo não a políticas do Fed mas à "resiliência" da economia americana a suportar choques, ao crescimento de mercados emergentes e ao efeito positivo do aumento das exportações da China para a manutenção da inflação sob controle.