Economia

Risco de volta da inflação faz Copom manter Selic em 16,5%

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), por oito votos a 1, decidiu manter a taxa básica de juros em 16,5%, sem viés. Em nota oficial divulgada nesta quarta-feira (21/1), o BC alegou ser mais prudente esperar os efeitos concretos dos cortes realizados ao longo do ano passado. Os efeitos do corte […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h49.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), por oito votos a 1, decidiu manter a taxa básica de juros em 16,5%, sem viés. Em nota oficial divulgada nesta quarta-feira (21/1), o BC alegou ser mais prudente esperar os efeitos concretos dos cortes realizados ao longo do ano passado. Os efeitos do corte de 10 pontos percentuais na taxa Selic nos últimos meses ainda não se refletiram integralmente na economia , destacou o texto. O Copom resolveu interromper temporariamente o processo de flexibilização da política monetária com o intuito de preservar as conquistas recentes no combate à inflação e no processo de retomada da atividade econômica.

O conservadorismo surpreendeu a maioria dos analistas que apostavam em um corte de 0,5 ponto percentual. Na avaliação da analista Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria Integrada, a decisão, apesar de inesperada , indica claramente que o Copom optou pela cautela diante dos últimos indicadores de inflação. Embora exista a noção de que os recentes aumentos nos índices são sazonais, o BC manteve o pé atrás , diz ela.

Teriam pesado na avaliação do Copom pelo menos três aumentos. Primeiro, as altas nos núcleos do IPCA em dezembro, que teve aumento médio de 0,2 ponto percentual. Em seguida, o aumento de 0,71% na segunda prévia do IPC da Fipe em janeiro, quando o mercado projetava uma alta de 0,65%. Por fim, na tarde desta quarta-feira (21/1), teria vindo a gota d água: o aumento do IGP-10 para 0,76% em janeiro, a maior taxa desde setembro passado, quando o índice da Fipe ficou em 0,95%. Em dezembro, ele havia registrado inflação de 0,59%. O mercado também percebeu uma queda de braço entre indústria e varejo para o reajuste de preços , diz Alessandra. E o Copom deve ter entendido que mais um corte poderia provocar pressão sobre os preços.

A cautela, para boa parte dos analistas, pareceu desnecessária. O Copom exagerou na mão , disse o economista Alexandre Maia, da Gap consultoria. Havia espaço para mais uma redução na Selic. Na avaliação de Maia, a decisão não vai comprometer a retomada do crescimento neste momento, uma vez que ela reflete as reduções aplicadas sobre a Selic em meses anteriores. Mas com certeza vai causar um sentimento de frustração negativo , diz.

De fato, a notícia foi um banho de água fria para os empresários. Armando Monteiro Neto, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), destacou justamente a frustração como o pior reflexo da reunião do Copom. Recebemos a notícia com grande apreensão e, sobretudo, com frustração , disse em nota oficial. O Brasil precisa construir uma agenda de crescimento e essa decisão coloca em dúvida a retomada desse crescimento.

Horácio Lafer Piva, presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), foi mais enfático: O Banco Central erra ao manter a Selic em 16,5% por mais um mês , afirmou em comuncado. A farta oferta de divisas para o Brasil e a expressiva capacidade ociosa existente em nossa economia oferecem condições absolutamente favoráveis para a continuidade da queda de juros.

Na avaliação de Piva, o BC irá reverter expectativas e provocar um desnecessário efeito contracionista sobre a economia, uma vez que o fantasma da inflação não seria uma ameaça real neste momento. O aquecimento da economia está sendo contido por um mercado de trabalho em frangalhos e por uma carga tributária elevadíssima , disse. Vemos a taxa de desemprego manter-se em nível recorde durante meses, o poder de compra dos salários demorar para se recuperar e a participação do trabalho informal continuar a crescer.

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