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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h12.
A pequena variação da inflação em julho já autoriza a queda nos juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da próxima semana ou a partir de setembro. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que baliza a meta de inflação estipulada pelo Banco Central (BC), variou 0,25% no mês passado, um resultado esperado pelo mercado.
O dado, divulgado nesta terça-feira (9/8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, sucede a deflação de 0,02% de junho e "já dá a tranqüilidade necessária para a redução dos juros", na avaliação de João Carlos Gomes, economista da Federação do Comércio do Rio de Janeiro. Segundo ele, a maioria dos componentes do IPCA seguem beneficiados pela valorização do real ante o dólar e pelo clima favorável que ainda mantém os preços dos alimentos sob controle. As únicas exceçõs são exceção de telefonia fixa e combustíveis.
Para Hugo Penteado, economista-chefe do ABN Amro Asset Management, a redução da Selic virá apenas em setembro em razão dos núcleos de inflação que excluem as oscilações de preço mais abruptas. Os núcleos ainda indicam um patamar incompatível com os objetivos da autoridade monetária.
Na opinião de Penteado, o corte dos juros só começa em setembro, porque, quando começar o ciclo de queda da Selic, ele será intenso. "O 'relaxamento monetário', quando começar, será acelerado", diz o economista. "Para deslanchar esse processo, o Copom precisa antes saber exatamente onde está pisando e, para isso, precisa de mais tempo."
Marcel Pereira, economista-chefe da RC Consultores, continua apostando em redução da Selic em 0,25 ponto percentual ainda em agosto, mas admite que o comportamento da cotação de petróleo nos últimos dias pode adiar o corte. "Nossa expectativa era que, ao bater em 62 dólares, o barril de petróleo recuaria", diz Pereira. "Mas os últimos dias mostraram que ainda não é a hora do refluxo." Com essa curva de cotações em teimosa ascensão, o Copom já dispõe de argumento para justificar um eventual conservadorismo, diz o analista. Ou seja, o petróleo pode ser responsável pela manutenção da Selic em 19,75% ao ano.
Números
Só o aumento em telefonia fixa, de 4,21% em julho, representou 60% do IPCA, com impacto de 0,14 ponto percentual na taxa. O acumulado do ano está em 3,42% e o dos últimos doze meses, 6,57%. O álcool ficou em média 2,05% mais caro e a gasolina 0,87%. Combinados, respondem por 0,06 ponto percentual do IPCA.
Segundo o IBGE, mesmo com estes aumentos localizados, "observa-se forte e generalizada desaceleração nas taxas de crescimento dos preços no varejo", com destaque especial para alimentos.