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S&P pode cortar rating do Brasil com adiamento da Previdência

Segundo o o chefe global de ratings soberanos, os ajustes na Previdência mostrariam um compromisso do país com uma agenda reformista mais ampla

S&P: "A não aprovação da reforma logo enviaria um sinal de que as instituições no país não estão funcionando a favor do futuro do país" (Stan Honda/AFP)
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Reuters

Publicado em 6 de dezembro de 2017 às 21h06.

São Paulo - O Brasil não deveria adiar para 2019 a reforma da Previdência , sob risco de sofrer novo rebaixamento de sua nota de crédito, disse o chefe global de ratings soberanos da agência de classificação de risco Standard & Poor's, Moritz Kraemer.

"A não aprovação da reforma logo enviaria um sinal de que as instituições no país não estão funcionando a favor do futuro do país", disse Kraemer em entrevista à Reuters na terça-feira.

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Segundo o executivo, mais do que a economia de curto prazo para os cofres do governo, os ajustes na Previdência mostrariam um compromisso do país com uma agenda reformista mais ampla.

"O momento foi construído para que a reforma aconteça agora; esperar para 2019 não seria uma boa ideia", disse Kraemer, para quem o cenário base é de aprovação da proposta antes das eleições de 2018.

Os comentários são o alerta mais claro de uma das três grandes agências globais de classificação de risco até agora quanto aos prováveis desdobramentos do fracasso do governo do presidente Michel Temer em aprovar a reforma previdenciária.

Na véspera, Temer disse ter "esperança" para votar a reforma da Previdência no plenário da Câmara ainda em 2017.

A S&P manteve em agosto a nota BB para a dívida soberana brasileira, dois degraus abaixo do nível considerado de baixo risco, logo após o governo ter elevado as metas de déficits fiscais para 2017 e 2018. A S&P também retirou o rating brasileiro de "observação negativa" e passou para "perspectiva negativa".

Pacote dos EUA

Para Kraemer, a aprovação de um pacote de reforma tributária nos Estados Unidos deve ter efeitos distintos sobre mercados emergentes. Por um lado, o estímulo fiscal tenderia a gerar pressões inflacionárias, que seriam respondidas com aumento dos juros por parte do Federal Reserve, reduzindo a liquidez dos mercados internacionais.

O Brasil, no entanto, não estaria entre os países mais atingidos por este cenário, dado que tem um balanço de pagamentos externo forte. Esse quadro tenderia a atingir mais mercados como Argentina, Turquia, que dependem mais de poupança externa.

"Os maiores problemas do Brasil são essencialmente domésticos, fiscais", disse Kraemer. "O país está bem colocado no cenário internacional."

De forma geral, o pacote do presidente norte-americano, Donald Trump, teria consequências negativas, dado que a economia dos EUA não opera com ociosidade, o que geraria inflação. Consequentemente, o desdobramento para emergentes pode ser o aumento dos preços, como de commodities.

China

Por outro lado, Kraemer trabalha com um cenário de provável desaceleração da China, o que pode ter impacto negativo sobre produtores de matérias-primas.

Para o executivo, o esforço do governo chinês para reduzir o nível de alavancagem de empresas e famílias deve limitar o crescimento econômico do país, após a segunda maior economia do mundo ter decidido anos atrás trocar o investimento em infraestrutura por estímulo ao consumo como principal motor de crescimento.

"Eles estão desalavancando, mas isso terá impacto no crescimento da economia", disse Kraemer.

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