Na edição da pesquisa relativa a abril e maio, 33% dos consultados responderam que pretendem investir para aumentar a eficiência e 32% citaram a expansão da capacidade produtiva (Marcos Santos/USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 15h34.
Rio - A alta dos investimentos está sinalizada neste ano, mas o movimento sugere moderação, conforme a Sondagem de Investimentos de abril e maio, divulgada nesta quinta-feira, 13, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
O motivo é a falta de disposição em investir na expansão de capacidade industrial e de confiança para o crescimento ir além da recuperação em relação à queda do ano passado.
Após revisões, o Ibre/FGV projeta um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,3% em 2013. Pelos cálculos do instituto, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) deverá crescer 5,6%, enquanto o PIB industrial deverá aumentar em 1,3%.
"Como 2013 é um ano de transição, estamos recuperando o que foi perdido em 2012. Ainda não é um salto", afirmou Aloisio Campelo, superintendente adjunto de Ciclos Econômicos do Ibre/FGV. "Há um pouco de incerteza sobre a continuidade dessa retomada", completou, em entrevista à imprensa, no Rio.
Segundo Campelo, em ciclos de alta mais firme dos investimentos, a sondagem da FGV mostra forte disposição de investir em expansão de capacidade. Na edição da pesquisa relativa a abril e maio, 33% dos consultados responderam que pretendem investir para aumentar a eficiência e 32% citaram a expansão da capacidade produtiva. "Quando tem um ano com mais investimentos, a expansão de capacidade fica na frente da eficiência", observou Campelo.
Por exemplo, na sondagem de abril e maio de 2007, 39% previam investir em expansão de capacidade e a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) cresceu 13,9%. Em 2010, a FBCF cresceu 21,3% e 40% previam ampliar a capacidade nesta mesma época do ano. Ano passado, passado 30% dos pesquisados previam investir em expansão e a FBCF caiu 4%.
Na visão de Campelo, contribuem para a cautela entre os empresários da indústria fatores como falta produtividade e competitividade internacional, concorrência com produtos importados, incertezas sobre o ritmo de crescimento da economia nacional, que depende da expansão global e a inflação, ampliando os receios.
O economista descarta um impacto grande da alta da Selic nos investimentos. "As vantagens de se manter a inflação sob controle são maiores", declarou Campelo, lembrando que uma melhor combinação das políticas fiscal e monetária auxilia na redução de incertezas num cenário de médio prazo, para os próximos três anos.
Outro dado da sondagem a sugerir moderação é a diferença entre as previsões de investimento do ano passado e os aportes realizados. Há um ano, 19% dos entrevistados declararam não ter programas de investimento, mas, na edição deste ano, o porcentual verificado de empresas sem investimentos foi 16%.
"Com as medidas de estímulo ao investimento que o governo foi tomando e a aceleração do crescimento no fim do ano, acabou havendo um investimento maior", disse Campelo, citando as taxas de juros para bens de capital do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Por sua vez, a antecipação do ano passado tende a retirar aportes deste ano. Nesta última sondagem, 16% dos entrevistados declararam não ter programas de investimento.