Economia

Sinais econômicos negativos afetam popularidade do governo

"O único sinal positivo foi o aumento da taxa de juros por parte do Banco Central" em 0,5 ponto, a 8% ao ano, para combater inflação, disse Margarida Gutierrez

"Rousseff sabe que sua popularidade está caindo e a inflação é um mal muito temido para os brasileiros", acrescentou Gutierrez (AFP)

"Rousseff sabe que sua popularidade está caindo e a inflação é um mal muito temido para os brasileiros", acrescentou Gutierrez (AFP)

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Da Redação

Publicado em 12 de junho de 2013 às 18h19.

Crescimento econômico frágil, inflação elevada, queda do saldo comercial: os sinais econômicos negativos sucessivos no Brasil estão afetando a popularidade do governo de Dilma Rousseff a pouco mais de um ano da eleição presidencial.

"O único sinal positivo foi o aumento da taxa de juros por parte do Banco Central" em 0,5 ponto, a 8% ao ano - mais agressiva do que o mercado esperava -, para combater a inflação, disse à AFP, Margarida Gutierrez, especialista em macroeconomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

"Rousseff sabe que sua popularidade está caindo e a inflação é um mal muito temido para os brasileiros", acrescentou.

A inflação de maio alcançou 6,5% em um ano, o teto da meta oficial do governo (com centro de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos).

O Brasil cresceu um decepcionante 0,6% no primeiro trimestre em relação ao anterior, após 0,9% de crescimento em 2012 e 2,7% em 2011. Longe dos 7,5% de 2010.

Nos primeiros cinco meses do ano, a sétima economia mundial acumulou um déficit comercial de 5,392 bilhões de dólares, o pior resultado para este período desde o começo da série histórica.

A agência de classificação de crédito Standard and Poor's (S&P) reduziu a perspectiva da nota da dívida soberana de longo prazo de estável para negativa.


Os motivos foram uma redução "da confiança do investidor" devido à "política fiscal mais expansionista com a deterioração do superávit primário", com a qual o governo reagiu ao tímido crescimento, segundo Sebastián Briozzo, diretor responsável pela classificação do Brasil na S&P.

O clima econômico mundial não ajudou. "O Brasil sofre com o mal momento da economia mundial, com a retração da zona do euro, com a recuperação lenta dos Estados Unidos e com a desaceleração da China", disse à AFP, Felipe Queiroz, analista da agência de classificação de risco brasileira Austin Rating.

"Houve uma queda dos investimentos em relação ao PIB - de 19,5% do PIB em 2010 para 18,1% em 2012 - que torna o país menos competitivo no mercado externo", sustentou.

Por causa do temor de inflação, a popularidade do governo Dilma caiu pela primeira vez desde que ela assumiu em 2011. O tombo foi de oito pontos, segundo uma pesquisa da Datafolha (de 65% em março a 57% em junho), e de dois pontos, de acordo com o instituto MDA (de 56,6% em julho de 2012 a 54,2% atualmente). A presidente se mantém, contudo, como favorita para a reeleição em outubro de 2014.

"A crise chegou ao bolso do brasileiro", disse o diretor geral do Datafolha, Mauro Paulino.

O preço do tomate subiu 96% em um ano até maio; o da cebola, 70%; e os do arroz e do frango, 20% e 23%, respectivamente.

Apesar dos preços de alguns alimentos terem caído por causa de uma "super colheita" de grãos e da queda do preço das matérias primas, o câmbio pode anular esse efeito em relação à inflação.

Nos últimos 12 meses, o real perdeu 24% e foi cotado a cerca de 2,15 por dólar, encarecendo o preço dos bens importados - e empurrando a inflação para cima.


Devido à volatilidade, o BC interveio várias vezes no mercado para apoiar o real.

"Produzir no Brasil é muito caro, a indústria local está perdendo competitividade e as importações cresceram muito", explicou Gutierrez.

A atividade industrial, motor da economia brasileira, caiu 0,8% em 2012, apesar dos leves sinais de melhora, com um saldo positivo de 1,6% nos primeiros quatro meses do ano.

Para vários especialistas, o governo se concentrou em estimular o consumo, mas a oferta não acompanhou o aumento da demanda, o que estimulou a inflação.

Para 2013, o governo ainda espera um crescimento de 3,5% e uma inflação de 5,8%. Já o mercado, consultado semanalmente pelo Banco Central, reduziu esta semana para 2,53% a expectativa de crescimento do PIB.

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