Economia

Siderúrgicas zeram previsão de alta na produção em 2013

Setor reduziu suas estimativas de desempenho, ampliando projeção de queda nas exportações apesar do cenário cambial mais favorável


	Siderurgia: Instituto Aço Brasil cortou a expectativa de crescimento na produção de aço bruto deste ano, de alta de 5,8% para queda de 0,1%
 (Timothy Fadek/Bloomberg)

Siderurgia: Instituto Aço Brasil cortou a expectativa de crescimento na produção de aço bruto deste ano, de alta de 5,8% para queda de 0,1% (Timothy Fadek/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 20 de agosto de 2013 às 17h26.

Rio de Janeiro - O setor siderúrgico brasileiro reduziu nesta terça-feira suas estimativas de desempenho em 2013, zerando a expectativa de crescimento na produção de aço bruto ante 2012 e ampliando projeção de queda nas exportações, apesar do cenário cambial mais favorável a vendas externas.

O Instituto Aço Brasil (IABr) cortou a expectativa de crescimento na produção de aço bruto deste ano, de alta de 5,8 por cento para queda de cerca de 0,1 por cento ante as cerca de 34,5 milhões de toneladas produzidas no ano passado.

"O mercado interno não demandou aquilo que se imaginava (...) o pré-sal não deslanchou, mas temos esperanças", disse o presidente-executivo do IABr, Marco Polo de Mello Lopes, a jornalistas.

Uma redução da atividade econômica no país tem aprofundado problemas de uma indústria que tem convivido com altos custos de matérias-primas e excesso de produção mundial. Na semana passada, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, apontou desaceleração no segundo trimestre em relação aos três primeiros meses de 2013 O IABr também cortou a previsão para o consumo aparente de aço no país, de alta de 4,2 por cento para crescimento de 3,2 por cento, a cerca de 26 milhões de toneladas. Para 2014, a entidade trabalha com cenário de crescimento de 3,8 por cento, para 27 milhões de toneladas.

Para analistas, a revisão das perspectivas do IABr já era esperada, dos números apresentados pelo setor no primeiro semestre, mas o grau dos cortes nas projeções e a estimativa de consumo para o próximo ano vieram piores do que o previsto.

"A gente pode imaginar que veio um pouco mais pessimista, estávamos esperando algum crescimento para este ano", afirmou o analista de siderurgia da corretora Ativa, Marcelo Torto. "O mercado de aço não reagiu como o mercado esperava (no primeiro semestre). Aços planos ainda não mostram reação e acho difícil ter recuperação no segundo semestre", disse o analista.

Ele citou que recentes anúncios de reajustes de preços de aços planos e longos no Brasil foram motivados mais pela desvalorização do real contra o dólar que por melhora da demanda no mercado interno.


Depois de duas sessões de forte alta, as ações de siderúrgicas mostraram queda nesta terça-feira. Usiminas despencou 6,48 por cento, CSN teve perda de 3,49 por cento e Gerdau recuou 1,28 por cento, enquanto o Ibovespa teve desvalorização de 2,08 por cento, segundo dados preliminares de fechamento.

De janeiro a julho, a produção de aço bruto do Brasil acumula queda de 2,2 por cento sobre um ano antes, para 19,8 milhões de toneladas. Enquanto isso, as vendas subiram 3,6 por cento, para 13,2 milhões de toneladas. No período, o consumo aparente subiu 2 por cento, para 15,2 milhões de toneladas.

Vendas Crescem Menos

O IABr também reduziu sua estimativa para o avanço das vendas no mercado interno em 2013, de crescimento de 7,6 por cento para alta de 5,3 por cento, para 22,75 milhões de toneladas.

Além disso, a expectativa para as exportações do setor foi piorada, passando de queda de 8,8 por cento para tombo de 13 por cento, a 8,5 milhões de toneladas.

"Há um excedente no ano que vem de 600 milhões de toneladas de capacidade produtiva e ainda há um adicional até 2015 de mais de 100 milhões de toneladas, mas o consumo não está crescendo (no mesmo ritmo)", disse Lopes, do IABr.

Ele criticou o anúncio recente do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o aumento no Imposto de Importação decidido no ano passado não será renovado em outubro. Segundo ele, a alta da moeda norte-americana também impacta os custos em dólar de insumos como minério de ferro e carvão, o que agrava o quadro de excesso de produção mundial.

"Quando o Mantega diz que a valorização garante a proteção ao setor é como se não percebesse que a apreciação ocorre no mundo inteiro (...) Não concordamos com essa colocação, porque as condições que levaram o governo elevar a alíquota não mudaram", acrescentou.

Segundo o presidente do IABr, a entidade ficou surpreendida pelo anúncio da não renovação da alíquota maior do Imposto de Importação em um momento em que negociava com o governo desoneração de PIS/Cofins sobre produtos siderúrgicos para aumentar a competitividade do setor.

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