Economia

Setor público tem déficit primário de R$11,53 bi em outubro

Setor acumula em 12 meses saldo negativo equivalente a 0,71 por cento do Produto Interno Bruto


	Notas de 50 reais: o déficit nominal, ainda segundo o BC, alcançou 29,414 bilhões de reais em outubro
 (Marcos Santos/USP Imagens)

Notas de 50 reais: o déficit nominal, ainda segundo o BC, alcançou 29,414 bilhões de reais em outubro (Marcos Santos/USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2015 às 10h41.

São Paulo - Diante da queda nas receitas e gastos maiores na Previdência, o setor público brasileiro registrou pela primeira vez déficit primário para outubro, de 11,530 bilhões de reais, em meio aos esforços do governo para convencer o Congresso Nacional a permitir rombo neste ano acima de 100 bilhões de reais na economia feita para pagamento de juros da dívida pública.

O Banco Central divulgou nesta segunda-feira que, no acumulado em 12 meses, o saldo negativo foi equivalente a 0,71 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), ante 0,45 por cento do PIB em setembro.

Em pesquisa da Reuters, analistas projetavam déficit primário de 13,75 bilhões de reais para o mês.

O resultado do mês foi diretamente afetado pelo rombo de 12,316 bilhões de reais do governo central (governo federal, INSS e Banco Central), impactado pelo aumento de despesas previdenciárias com o pagamento do adiantamento do 13º salário a aposentados e pensionistas e pela queda nas receitas diante do quadro de recessão econômica.

Por outro lado, Estados e municípios tiveram superávit de 775 milhões de reais em outubro, enquanto as empresas estatais tiveram resultado positivo de 11 bilhões de reais no mês.

O governo iniciou o ano com meta de superávit primário de 66,3 bilhões de reais, ou 1,1 por cento do PIB.

Mas, confrontado com a dificuldade em elevar as receitas num cenário de crise econômica e política, o governo luta para modificar esta meta para não cometer crime de responsabilidade fiscal.

Para tanto, o Congresso Nacional precisa aprovar em sessão marcada para terça-feira projeto de lei que permite que o setor público consolidado registre déficit de 48,9 bilhões a 117 bilhões de reais em 2015, afetado no pior dos cenários pelo pagamento das chamadas pedaladas fiscais e pela frustração com ingresso de receitas com leilão de hidrelétricas.

Em ambos os casos, o déficit representará o pior desempenho do país desde o início da série histórica do BC, em 2001.

Pela manhã, o governo divulgou decreto contingenciando 10,7 bilhões de reais do orçamento de 2015 porque o Congresso ainda não votou a mudança na meta, o que causará a paralisia da máquina pública com interrupção das atividades essenciais.

O BC informou ainda que o déficit nominal --receitas menos despesas, incluindo pagamento de juros-- alcançou 29,414 bilhões de reais em outubro, enquanto a dívida bruta ficou em 66,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) e a dívida líquida foi a 34,2 por cento do PIB.

Texto atualizado às 11h40.

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