Setor público também tem déficit primário recorde em maio
Dados divulgados nesta segunda já mostravam que o governo central teve recorde de déficit em maio, de 127,092 bilhões de reais
Reuters
Publicado em 30 de junho de 2020 às 10h25.
Última atualização em 30 de junho de 2020 às 10h26.
O setor público consolidado brasileiro teve déficit primário de 131,438 bilhões de reais em maio e viu a dívida bruta ultrapassar o patamar de 80% do Produto Interno Bruto ( PIB ), renovando seu recorde histórico, em um reflexo dos impactos dramáticos da crise com o coronavírus no front fiscal.
O déficit primário foi o pior dado mensal da série do Banco Central iniciada em dezembro de 2001, informou a autarquia nesta terça-feira. Ainda assim, ele veio ligeiramente abaixo da expectativa de um rombo de 135 bilhões de reais para o mês, conforme pesquisa da Reuters com analistas.
No período, o governo central (governo federal, BC e Previdência) ficou no vermelho em 127,092 bilhões de reais. Enquanto isso, estados e municípios tiveram déficit de 4,768 bilhões de reais, ao passo que as empresas estatais registraram superávit de 422 milhões de reais.
Na segunda-feira, o Tesouro já havia informado que o déficit do governo central fora afetado pelo diferimento de impostos e pela explosão de gastos para enfrentamento ao surto de Covid-19, com destaque para os mais de 40 bilhões de reais direcionados ao auxílio emergencial.
Em 12 meses, o déficit do setor público consolidado foi a 282,859 bilhões de reais, equivalente a 3,91% do Produto Interno Bruto (PIB).
A projeção de déficit primário para o setor público ainda é de 708,7 bilhões de reais ou 9,9% do PIB, mas deverá ser atualizada nesta terça-feira pela Secretaria Especial da Fazenda, segundo o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida.
Ele pontuou que, considerando a renovação do auxílio emergencial, o rombo deverá ir para casa de 850 bilhões de reais, ou 11,5% do PIB.
Nesse quadro, o Brasil caminha para um déficit nominal, que abarca também as despesas com juros, acima de 15% do PIB em 2020, patamar que é projetado para países como os Estados Unidos. Nos 12 meses até maio, o déficit nominal chegou a 8,82% do PIB.
Dívida recorde
Diante do forte desequilíbrio entre receitas e despesas em maio, a dívida pública bruta saltou a 81,9% do PIB, sobre 79,8% em abril e estimativa de analistas de que iria a 81,3% do PIB. Com isso, ela renovou seu recorde histórico, que havia sido atingido no mês anterior.
A dívida líquida, por sua vez, foi a 55,0% do PIB, ante 52,8% em abril e projeção do mercado de 54,5% do PIB.
Na segunda-feira, Mansueto estimou que o país encerrará este ano com dívida bruta acima de 95% do PIB e dívida líquida superior a 65% do PIB.