Economia

Setor de sucata de ferro contesta taxação de exportações

Os fabricantes brasileiros exportam cerca de 30 mil toneladas de sucata de ferro por mês de uma produção mensal de 800 mil toneladas, segundo o Inesfa


	Contêineres de importação e exportação: apenas o Brasil é responsável por apenas 0,2% das exportações de sucata no mundo.
 (Joe Raedle/Getty Images)

Contêineres de importação e exportação: apenas o Brasil é responsável por apenas 0,2% das exportações de sucata no mundo. (Joe Raedle/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 23 de janeiro de 2013 às 14h09.

São Paulo - Representantes do setor de sucata de ferro e aço apresentaram defesa em processo na Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior (Mdic), no qual o Instituto Aço Brasil (Iabr) pede implantação de taxas de exportação de sucata. O Instituto Nacional das Empresas de Sucata de Ferro e Aço (Inesfa) contratou duas consultorias para realizar estudo sobre os impactos de uma taxação no setor, dados que foram enviados na defesa à Secex na terça-feira (22) e apresentados em seminário em São Paulo na manhã desta quarta-feira.

O sócio da GO Associados e ex-presidente do Cade, Gesner de Oliveira, apresentou o estudo. Segundo o documento, o Brasil não é formador de preços no mercado internacional de sucata e a taxação a exportação não impactaria o comércio global, mas prejudicaria os comerciantes de sucata no mercado interno.

Segundo o estudo, apenas o Brasil é responsável por apenas 0,2% das exportações de sucata no mundo. Os fabricantes brasileiros exportam cerca de 30 mil toneladas de sucata de ferro por mês de uma produção mensal de 800 mil toneladas, segundo o Inesfa. Gesner de Oliveira afirmou que os números mostram que o Brasil exporta apenas os excedentes da produção não consumidos pelas siderúrgicas nacionais, e a venda externa não provoca escassez no mercado doméstico.


O Inesfa pede arquivamento do processo, iniciado pelo Iabr em setembro de 2011. A Secex deve oferecer um parecer em fevereiro.

Para o advogado que representa as empresas de sucata, André de Almeida, o pleito das siderúrgicas tem o objetivo de forçar uma sobreoferta de sucata no mercado interno e, com isso, derrubar os preços. A sucata de ferro é usada como matéria-prima na produção de aço em fornos elétricos, sobretudo para fabricantes de aços longos. Em novembro de 2012, o presidente do Iabr, Marco Polo de Mello Lopes afirmou à Agência Estado que o instituto pede na Secex a aplicação de regra de reciprocidade nas taxas de exportação de sucata: o Brasil taxaria países que hoje impõem taxas de exportação.

Para Marcos Sampaio, presidente do Inesfa, essa regra prejudicaria o setor, uma vez que 72% das exportações brasileiras vão para países que têm taxas de exportação. São eles: Paquistão, Índia e Vietnã. Sampaio ainda disse que os preços da sucata brasileira vendida no exterior são mais altos. Aqui, ele afirma que a tonelada custa R$ 500 e fora o valor pode chegar a R$ 800.

Outra consultoria contratada pelo Inesfa, a Barral MJorge entendeu ainda que a adoção de um imposto sobre exportação seria ilegal de acordo com regras da Organização Mundial do Comércio. O advogado Rodrigo More afirmou que o princípio de reciprocidade pedido pelo Iabr não é permitido pelo órgão.

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