Economia

Setor de Serviços cai 2,8% em 2017 e tem perdas disseminadas

A queda representa o terceiro resultado anual negativo consecutivo, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE

Serviços: as expectativas para o volume de serviços do ano passado eram de declínio de 3,60% a 2,90% (Sascha Schuermann/Getty Images)

Serviços: as expectativas para o volume de serviços do ano passado eram de declínio de 3,60% a 2,90% (Sascha Schuermann/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de fevereiro de 2018 às 11h09.

Rio - O setor de serviços registrou perdas disseminadas entre as atividades pesquisadas no ano de 2017. Apresentou uma queda de 2,8% no ano passado, o que representou o terceiro resultado anual negativo consecutivo, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A taxa acumulada do volume de serviços prestados no ano de 2017 ficou fora do intervalo das estimativas captadas pelo Projeções Broadcast com 17 instituições.

As expectativas para o volume de serviços do ano passado eram de declínio de 3,60% a 2,90%. A mediana encontrada é de retração de 2,90%. Em 12 meses até novembro, o volume de Serviços acumulava queda de 3,40%, mas a receita já subia 1,90% na mesma base de comparação.

Apesar da queda de 2,8% na taxa acumulada, o desempenho do setor ainda foi o melhor desde 2014, quando havia crescido 2,50%. Em 2016, o segmento de serviços vinha de uma queda de 5,00%. Em 2015, a perda acumulada foi de 3,6%.

Segmentos em 2017

O único segmento a escapar do vermelho foi o de Transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio, beneficiado pela recuperação da indústria, apontou Roberto Saldanha, analista da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE. Transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio, porém, tiveram um crescimento de 2,3% no ano passado.

"O Transporte tem a ver com o crescimento da indústria. Transporte de carga e armazenagem estão caminhando juntos, tanto por causa da indústria quanto por causa da safra. O impacto da recuperação da demanda no Transporte é direto, tanto para escoar produção quanto para transportar matéria-prima", disse Roberto Saldanha.

Apesar da melhora da conjuntura econômica, Saldanha diz que os serviços como um todo demoram mais a reagir à recuperação dos outros setores da atividade econômica. Uma retomada mais consistente dependeria de novos resultados positivos da indústria e da recuperação da demanda de governos federal, estaduais e municipais. O pesquisador lembrou ainda que mesmo o aumento na massa de renda dos trabalhadores registrado em 2017 não foi canalizado para o consumo de serviços prestados às famílias, mas sim para a aquisição de bens materiais.

Famílias

O segmento de serviços prestados às famílias registrou um recuo de 1,1% em 2017. Os Serviços de informação e comunicação caíram 2,0%; Serviços profissionais, administrativos e complementares, -7,3%; e o segmento de Outros Serviços, -8,9%.

"A recuperação do setor de serviços geralmente é mais lenta, atua a reboque de outros setores. À medida que tem recuperação, principalmente na indústria, o setor de serviços tende a ter uma melhora. Os governos ainda estão com problemas fiscais. Num momento de corte de gastos e equilíbrio do orçamento, o que vai ser cortado são serviços terceirizados", justificou Saldanha.

O agregado especial das Atividades turísticas apresentou redução de 6,5% em 2017.

Dezembro

O volume de serviços prestados teve um avanço de 1,3% em dezembro de 2017 ante novembro, na série com ajuste sazonal, segundo o IBGE. No mês anterior, houve alta de 1,0%.

O resultado de dezembro ante novembro veio bem mais forte que a mediana das estimativas do mercado financeiro (+0,25%). O dado ficou dentro do intervalo das 18 estimativas captadas pelo Projeções Broadcast, que iam de recuo de 0,40% a elevação de 1,80%.

Na comparação com dezembro do ano anterior, houve elevação de 0,50% em dezembro de 2017, já descontado o efeito da inflação. O resultado superou o teto do intervalo das projeções, que iam de uma queda de 1,50% a crescimento de 0,30%, com mediana negativa de 0,50%.

Em dezembro de 2017, a alta de 0,50% nos serviços em relação a dezembro de 2016 interrompeu uma sequência de 32 meses de quedas consecutivas. A taxa foi a mais elevada desde março de 2015, quando tinha crescido 2,3%.

Desde outubro de 2015, o órgão divulga índices de volume no âmbito da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS). Antes disso, o IBGE anunciava apenas os dados da receita bruta nominal, sem tirar a influência dos preços sobre o resultado.

Por esse indicador, que continua a ser divulgado, a receita nominal cresceu 0,90% em dezembro ante novembro. Na comparação com dezembro do ano passado, houve alta na receita nominal de 5,00%.

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