Economia

Senado aprova mudanças no ICMS para segurar preço dos combustíveis

Texto propõe a adoção de uma cobrança monofásica do ICMS sobre combustíveis para não haver o chamado “efeito cascata” na tributação

 (Rickey Rogers/Reuters)

(Rickey Rogers/Reuters)

AA

Alessandra Azevedo

Publicado em 10 de março de 2022 às 17h37.

Última atualização em 10 de março de 2022 às 19h58.

O Senado aprovou nesta quinta-feira, 10, por 68 votos a 1, o projeto de lei complementar (PLP) 11/2020, uma das propostas do pacote dos combustíveis que busca reduzir os preços da gasolina e do óleo diesel no país. O texto propõe estabelece a adoção de um ICMS único para todos os estados. Como foi modificada pelos senadores, a matéria volta para análise da Câmara.

Fique por dentro das principais notícias do Brasil e do mundo. Assine a EXAME

O projeto prevê a adoção de uma cobrança monofásica do ICMS sobre combustíveis — ou seja, em uma única fase da cadeia de produção —, para não haver o chamado “efeito cascata”. A monofasia é vista com bons olhos pelo setor privado por potencialmente reduzir a sonegação e simplificar a complicada tributação atual. Prates inclui no relatório um período de transição para estados se adequarem à monofasia.

Outro ponto da proposta, relatada pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN), altera o modelo de cobrança para um percentual fixo por volume vendido (o chamado ad rem). Hoje, a alíquota é aplicada sobre o valor vendido (ad valorem), de modo que o tributo coletado também sobe quando o preço sobe — o que ajudou estados a terem sua maior arrecadação em duas décadas em 2021.

Caberá aos estados e ao Distrito Federal a definição do valor único do imposto para cada combustível, por meio do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). Depois de decidido o valor pela primeira vez, ele será congelado por pelo menos 12 meses. Após o primeiro reajuste, será preciso esperar seis meses para uma nova atualização. Reduções de alíquotas podem acontecer a qualquer tempo.

O texto prevê uma regra de transição que diz que, enquanto os estados e o DF não implementarem a monofasia e a unificação da alíquota, o imposto sobre o diesel e o biodiesel será cobrado com base na média móvel dos preços nos últimos cinco anos. 

O relator afirma que, com as mudanças previstas, haverá ganho de eficiência, desburocratização e combate à sonegação. Além disso, a possibilidade de estabelecimento de alíquota ad rem daria mais estabilidade ao preço do combustível, mitigando seu impacto na inflação.

Mais cedo, o Senado aprovou o projeto de lei 1472/2020, que cria uma conta para atenuar as altas do preço do petróleo e derivados vindas do mercado internacional, também relatado por Prates e parte do pacote dos combustíveis. O texto também cria o auxílio-gasolina e amplia ao vale-gás.

Os dois projetos foram aprovados no dia em que a Petrobras anunciou mais um aumento nos preços dos combustíveis, após 57 dias com o valor congelado. Os reajustes passam a valer nesta sexta-feira, 11. A gasolina será reajustada em 18,7%; o diesel, em 24,9% e o Gás Natural Liquefeito (GLP), 16% nas refinarias da Petrobras.

(Colaborou Carolina Riveira)

 

 

Acompanhe tudo sobre:CombustíveisCongressoGasolinaÓleo dieselSenado

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor