Sem governo, Grécia hesita a respeito da austeridade
A maioria do eleitorado rejeitou o compromisso firmado pelo país com a UE e o FMI, situação que apavora o mercado
Da Redação
Publicado em 9 de maio de 2012 às 16h40.
Atenas - Ainda à procura de um governo, a Grécia afirma estar pronta para discutir seu compromisso de austeridade, rejeitado pela maioria do eleitorado no domingo, uma situação que apavora o mercado e levanta a questão da permanência do país na zona do euro.
A Grécia, governada desde novembro de 2011 por uma coalizão pró-austeridade, parecia ter se conformado com as reformas e sacrifícios exigidos pelos credores, mas as eleições legislativas mostraram o contrário.
Há uma semana, os conservadores da Nova Democracia (ND) e os socialistas do PASOK, que partilham o poder há 38 anos, garantiram que manteriam o país na Eurozona com a aplicação rigorosa do plano dos credores, a UE e o FMI.
Mas, com os resultados eleitorais, ambos os partidos têm reconsiderado esta posição.
Antonis Samaras, líder da ND, afirmou na terça-feira ser "bastante realista" a "renegociação" dos acordos para fazer a "economia respirar" e "tranquilizar a sociedade".
A mesma mensagem foi transmitida por seu rival socialista, o ex-ministro das Finanças Evangelos Venizelos: respeitar o voto dos eleitores implica "buscar a melhor alteração dos termos do programa de austeridade para ajudar a desenvolver e proteger os padrões de vida dos cidadãos".
O líder do Syriza, partido da esquerda radical grega, Alexis Tsipras, chegou a enviar aos credores públicos (FMI, Comissão Europeia e BCE) uma carta explicando que o veredicto popular tornava obsoletos os compromissos do país.
O Syriza tornou-se a segunda força política depois da queda dos dois partidos pró-rigor. As outras cinco formações que entraram no Parlamento, todas hostis à austeridade, reúnem uma maioria de 151 cadeira do total de 300, mas sem qualquer perspectiva de aliança.
Venizelos, disposto a conviver com o Syriza em um governo de "unidade nacional", propôs a Tsipras que reafirme sua posição pró-europeia futura. Já Samaras criticou o líder da extrema esquerda, cujas propostas "levam diretamente à falência e à saída do euro".
Tsipras deve se reunir com os dois políticos, pois é ele o responsável por tentar, até sexta-feira, formar um governo de coalizão.
A Grécia "tem espaço para uma renegociação" do conteúdo das medidas que devem ser tomadas até 2015, admitiu na terça-feira Ghikas Hardouvelis, que aconselhou durante sete meses o chefe de Governo Lucas Papademos.
Mas este ex-banqueiro acrescentou que "não se deve superestimar a situação e achar que, de repente, algo mudou na Europa só porque as pessoas aqui gritaram não".
"Se dissermos não a tudo, deixaremos a zona do euro", advertiu.
Em Paris, o ministro das Relações Exteriores, Alain Juppé, disse nesta quarta-feira que a situação grega é "extremamente preocupante" e acrescentou que "a revisão dos tratados pode causar uma turbulência difícil de controlar".
Berlim descartou qualquer renegociação dos acordos.
Decisão compartilhada pelo Banco Central Europeu (BCE).
"Deve ficar claro para a Grécia que não há alternativa ao programa de consolidação acordado, caso queira continuar a ser membro da Eurozona", declarou Jörg Asmussen, membro da diretoria do BCE ao jornal econômico alemão Handelsblatt.
A curto prazo, as autoridades gregas estão preocupadas com os prazos financeiros que se aproximam, enquanto, de acordo com um analista local, o país tem "reservas só até o final de junho".
"Se denunciarmos o plano, imagino que os credores vão considerar que não podem continuar a alimentar a Grécia com os montantes previstos nos acordos", advertiu o ministro das Finanças, Philippos Sahinidis.
A Grécia receberá na quinta-feira, como estava previsto, 5,2 bilhões de euros concedidos por seus credores públicos, apesar da incerteza política no país, mas "há dúvidas" sobre o desembolso do resto do resgate, advertiu um ministro europeu.
"O desembolso será feito porque já foi aprovado", indicou o porta-voz da Comissão Europeia, Amadeu Altafaj, interrogado pela AFP para saber se a Grécia receberá, como o previsto, os 5,2 bilhões de euros no dia 10 de maio.
Atenas - Ainda à procura de um governo, a Grécia afirma estar pronta para discutir seu compromisso de austeridade, rejeitado pela maioria do eleitorado no domingo, uma situação que apavora o mercado e levanta a questão da permanência do país na zona do euro.
A Grécia, governada desde novembro de 2011 por uma coalizão pró-austeridade, parecia ter se conformado com as reformas e sacrifícios exigidos pelos credores, mas as eleições legislativas mostraram o contrário.
Há uma semana, os conservadores da Nova Democracia (ND) e os socialistas do PASOK, que partilham o poder há 38 anos, garantiram que manteriam o país na Eurozona com a aplicação rigorosa do plano dos credores, a UE e o FMI.
Mas, com os resultados eleitorais, ambos os partidos têm reconsiderado esta posição.
Antonis Samaras, líder da ND, afirmou na terça-feira ser "bastante realista" a "renegociação" dos acordos para fazer a "economia respirar" e "tranquilizar a sociedade".
A mesma mensagem foi transmitida por seu rival socialista, o ex-ministro das Finanças Evangelos Venizelos: respeitar o voto dos eleitores implica "buscar a melhor alteração dos termos do programa de austeridade para ajudar a desenvolver e proteger os padrões de vida dos cidadãos".
O líder do Syriza, partido da esquerda radical grega, Alexis Tsipras, chegou a enviar aos credores públicos (FMI, Comissão Europeia e BCE) uma carta explicando que o veredicto popular tornava obsoletos os compromissos do país.
O Syriza tornou-se a segunda força política depois da queda dos dois partidos pró-rigor. As outras cinco formações que entraram no Parlamento, todas hostis à austeridade, reúnem uma maioria de 151 cadeira do total de 300, mas sem qualquer perspectiva de aliança.
Venizelos, disposto a conviver com o Syriza em um governo de "unidade nacional", propôs a Tsipras que reafirme sua posição pró-europeia futura. Já Samaras criticou o líder da extrema esquerda, cujas propostas "levam diretamente à falência e à saída do euro".
Tsipras deve se reunir com os dois políticos, pois é ele o responsável por tentar, até sexta-feira, formar um governo de coalizão.
A Grécia "tem espaço para uma renegociação" do conteúdo das medidas que devem ser tomadas até 2015, admitiu na terça-feira Ghikas Hardouvelis, que aconselhou durante sete meses o chefe de Governo Lucas Papademos.
Mas este ex-banqueiro acrescentou que "não se deve superestimar a situação e achar que, de repente, algo mudou na Europa só porque as pessoas aqui gritaram não".
"Se dissermos não a tudo, deixaremos a zona do euro", advertiu.
Em Paris, o ministro das Relações Exteriores, Alain Juppé, disse nesta quarta-feira que a situação grega é "extremamente preocupante" e acrescentou que "a revisão dos tratados pode causar uma turbulência difícil de controlar".
Berlim descartou qualquer renegociação dos acordos.
Decisão compartilhada pelo Banco Central Europeu (BCE).
"Deve ficar claro para a Grécia que não há alternativa ao programa de consolidação acordado, caso queira continuar a ser membro da Eurozona", declarou Jörg Asmussen, membro da diretoria do BCE ao jornal econômico alemão Handelsblatt.
A curto prazo, as autoridades gregas estão preocupadas com os prazos financeiros que se aproximam, enquanto, de acordo com um analista local, o país tem "reservas só até o final de junho".
"Se denunciarmos o plano, imagino que os credores vão considerar que não podem continuar a alimentar a Grécia com os montantes previstos nos acordos", advertiu o ministro das Finanças, Philippos Sahinidis.
A Grécia receberá na quinta-feira, como estava previsto, 5,2 bilhões de euros concedidos por seus credores públicos, apesar da incerteza política no país, mas "há dúvidas" sobre o desembolso do resto do resgate, advertiu um ministro europeu.
"O desembolso será feito porque já foi aprovado", indicou o porta-voz da Comissão Europeia, Amadeu Altafaj, interrogado pela AFP para saber se a Grécia receberá, como o previsto, os 5,2 bilhões de euros no dia 10 de maio.